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Clima: ONU vê "sinais positivos" nos EUA e espera colaboração em Bali

Alexandre Schossler22 de novembro de 2007

Política climática de longo prazo que não inclua os Estados Unidos não faz sentido, avalia secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer. Meta do Protocolo de Kyoto deverá ser alcançada.

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De Boer elogia Brasil, mas é cauteloso ao avaliar projeto brasileiro de biocombustíveisFoto: AP

O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima, Yvo de Boer, disse ver sinais positivos nos Estados Unidos e que espera a colaboração dos norte-americanos durante a conferência de Bali, que ocorrerá de 3 a 14 de dezembro. O encontro na ilha da Indonésia dará início ao processo de definição de políticas para a proteção climática para o período pós-2012, quando o Protocolo de Kyoto deixa de vigorar.

"No encontro do G8 em Heiligendamm, os Estados Unidos concordaram com os termos apresentados pela presidência alemã. Eles concordaram com as ambiciosas negociações que deverão estar concluídas até 2009", avaliou De Boer durante entrevista concedida esta semana, em Bonn.

"O próprio presidente Bush está organizando o processo, ele está reunindo os principais emissores [de gases do efeito estufa] para ver se é possível chegar a uma resposta que possa ser apresentada à comunidade internacional." De Boer disse ainda que as Nações Unidas têm recebido indicações muito fortes de representantes do governo dos Estados Unidos de que o país deseja que as negociações tenham início em Bali.

Uma efetiva participação estadunidense nos debates é fundamental, já que o país, além de ser a maior economia do mundo, é também o maior emissor mundial de gases do efeito estufa. Washington não assinou o Protocolo de Kyoto. De acordo com dados apresentados pela ONU, as emissões de gases-estufa dos Estados Unidos aumentaram 16% entre 2005 e 1990, ano-base do protocolo.

Para De Boer, é inútil uma política climática internacional de longo prazo que não inclua os Estados Unidos. "Não faz sentido não incluir o emissor [de gases-estufa] número um do mundo. Se falharmos em incluir o número um, por que o número dois, a China, deveria participar?", argumentou.

Elogios aos países emergentes

Na avaliação do secretário-executivo, a conferência de Bali será um sucesso se iniciar as negociações, definir uma agenda para essas negociações e estabelecer o prazo final para que elas estejam concluídas.

Ele também elogiou os esforços dos países emergentes, como a China e o Brasil. "A China leva a proteção climática muito a sério", afirmou, lembrando que o país anunciou há pouco uma ambiciosa estratégia nacional para a proteção do clima. Ele disse ainda que a Índia também deve apresentar em breve um plano nacional semelhante.

"O Brasil também está agindo há muito tempo em favor do clima e tem um dos menores índices de emissão per capita do mundo." Sobre a defesa brasileira do uso de biocombustíveis e do etanol, De Boer disse que eles são uma excelente alternativa à gasolina. "Mas, ao mesmo tempo, a questão é saber como você produz etanol. Derrubando a floresta tropical para plantar cana-de-açúcar? Também não podemos produzir etanol para os países ocidentais e deixar de produzir alimentos para os países do sul", argumentou.

Protocolo de Kyoto

Na avaliação da ONU, o Protocolo de Kyoto se mostrou um instrumento efetivo de cooperação internacional. A meta de 5% de redução das emissões de gases do efeito estufa entre 2008 e 2012 deverá ser alcançada pelo conjunto dos 36 países signatários. De acordo com as Nações Unidas, projeções indicam que a redução pode chegar a 11%.

Ainda assim, há motivos para preocupação. As emissões de carbono voltaram a aumentar em 2005 em todo o mundo. "As emissões aumentam de modo preocupante, mas os países estão pondo em prática políticas e medidas sérias para alcançar os objetivos do Protocolo de Kyoto. A expectativa de que eles alcancem esses objetivos é otimista", disse De Boer.

As Nações Unidas esperam concluir as negociações em torno de um acordo que substitua o Protocolo de Kyoto até o final de 2009, quando haverá uma nova conferência do clima em Copenhague.