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Brasil lidera em mortes de ambientalistas, afirma ONG

Dave Keating (cn)20 de junho de 2016

Relatório da Global Witness afirma que 50 ativistas foram mortos no país em 2015 e destaca o caso de Raimundo dos Santos Rodrigues, assassinado no Maranhão.

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Cruz lembra assassinato do ativista Isídio Antonio Pereira da Silva no Maranhão
Foto: Lunae Parracho/Global Witness

O Brasil é o país mais perigoso do mundo para ambientalistas, afirma um relatório divulgado nesta segunda-feira (20/06) pela ONG britânica Global Witness. Em 2015, 50 ativistas foram mortos no país, um aumento de 72% em relação a 2014, quando foram registrados 29 assassinatos.

Ao todo, 185 ambientalistas foram mortos no mundo em 2015, um aumento de 59% em relação a 2014. Depois do Brasil, as Filipinas, com 33, e a Colômbia, com 26, são os países com o maior número de assassinatos.

De acordo com a ONG, a maioria das mortes é consequência da luta contra o extrativismo de commodities, como minério, madeira e óleo de palma. "Cada vez mais países estão invadindo áreas virgens ricas em recursos. Projetos estão sendo implementados em territórios contestados, onde vivem, na maioria, comunidades indígenas", afirmou Billy Kyte, da Global Witness.

Indígenas representam 40% das vítimas no mundo. No Brasil, os assassinatos ocorreram em regiões remotas da Amazônia. Diversas madeireiras são acusadas de contratar criminosos para intimidar a população local, e quem resiste muitas vezes é morto.

Um dos casos mencionados no relatório é o assassinato de Raimundo dos Santos Rodrigues, morto no dia 25 de agosto em Bom Jardim, no Maranhão. Ele foi atacado quando voltava para casa com sua esposa.

Rodrigues fazia parte do Conselho Consultivo da Reserva Biológica do Gurupi e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O ativista denunciou crimes ambientais cometidos por fazendeiros e madeireiras da região. Depois do assassinato do ambientalista, vários integrantes de comunidade locais abandonaram a região.

Mercado global

Segundo um relatório da ONG britânica Chatham House, a madeira oriunda do Brasil representa, no mínimo, 25% da madeira ilegal comercializada no mundo. Grande parte dela é vendida na Europa e na América do Norte.

A ONG culpa a demanda global pela violência contra ativistas. "Os assassinos que estão impunes em vilas remotas ou nas profundezas de florestas tropicais são movidos pelas escolhas que consumidores fazem do outro lado do mundo", ressaltou Kyte.

A Global Witness fez um apelo para que os governos locais investiguem os assassinatos, incluindo os que envolvem forças de segurança, e pediu um apoio maior aos ativistas.

Além do Brasil, outros países latino-americanos registraram taxas elevadas de mortes de ambientalistas, como Colômbia, Peru e Nicarágua. De acordo com o relatório, as mortes na Colômbia estão relacionadas ao conflito interno no país, onde rebeldes financiam suas atividades com a exploração ilegal de madeira.