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Boko Haram no topo da agenda de Buhari e Obama

Gero Schließ / Glória Sousa20 de julho de 2015

Em visita a Washington, Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, será recebido, esta segunda-feira (20.07), pelo seu homólogo norte-americano, Barack Obama. Combate ao grupo terrorista Boko Haram deve dominar o encontro.

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Combatentes do grupo terrorista Boko Haram
Foto: picture alliance/AP Photo

De acordo com Richard Joseph, especialista em assuntos africanos do Instituto Brookings na capital norte-americana, o encontro desta segunda-feira (20.07) entre o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, e o Presidente Barack Obama, na capital norte-americana, é também uma oportunidade para o chefe de Estado nigeriano mudar a imagem que o seu país tem nos Estados Unidos.

"O país é visto como altamente corrupto, caótico, onde está instalado o Boko Haram e com uma violência terrível," diz.

Na opinião do especialista, esta percepção negativa da Nigéria deve-se sobretudo à série de ataques do grupo terrorista Boko Haram.

Para Washington, o novo Presidente nigeriano pode ser a pessoa certa para pôr ordem na casa. Eleito em março passado e poucas semanas depois de ter tomado posse, o ex-general foi rápido em tomar decisões difíceis - como mudar toda a liderança do exército, já depois de ter instalado o centro de comando contra o Boko Haram mais próximo do teatro de operações, no nordeste do país.

Muhammadu Buhari prometeu parar com a violência que há seis anos assola o nordeste da Nigéria, tendo já causado mais de 13 mil mortos.

Retomada de confiança

Symbolbild Soldaten Nigeria
Soldados nigerianos atuam no combate ao Boko Haram, no sudeste do paísFoto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

Nesse sentido, o Presidente Buhari procura nesta visita restabelecer a confiança, diz o especialista Richard Joseph. Isto depois de o exército nigeriano ter perdido a confiança de aliados como os Estados Unidos, países europeus e Estados vizinhos devido à ineficácia no combate ao Boko Haram.

"Restabelecer confiança será muito importante, pois só com confiança será possível melhorar a partilha de informação, a cooperação militar e, claro, os treinamentos," avalia o especialista.

Devido à falta de confiança, o exército norte-americano interrompeu a formação de um batalhão nigeriano. Mas Peter Pham, especialista de assuntos africanos do Conselho Atlântico, acredita que a visita do Presidente Buhari trará progressos nesse âmbito.

"Esta visita é o primeiro passo no que eu espero que seja a renovação da parceria entre os Estados Unidos e a Nigéria em vários aspectos. Mas obviamente que o mais importante é a luta contra o grupo terrorista Boko Haram," pontua.

Nigeria Boko Haram Maiduguri Selbstmordanschlag
Ataque suicida a mercado, perpetrado pelo Boko Haram deixou pelo menos 30 mortos, em junho passado, na cidade nigeriana de MaiduguriFoto: picture-alliance/AP Photo/Jossy Ola

A relação entre os dois Estados sofreu um revés durante o mandato do anterior Presidente Goodluck Jonathan. E, em Washington, soaram os alarmes quando o Boko Haram se aliou ao grupo terrorista Estado Islâmico.

"Agora que se afiliou ao [grupo terrorista] Estado Islâmico e expandiu os ataques, como vimos recentemente ao Chade e ao Níger, o Boko Haram tornou-se uma maior ameaça para a segurança regional do que tem sido no passado," explica Peter Pham.

Só na semana passada, duas explosões no mercado da cidade de Gombe mataram pelo menos 49 pessoas e deixaram dezenas de feridos; e uma outra bomba foi identificada num ponto de inspeção militar na cidade de Maiduguri.

Direitos Humanos na pauta

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O Presidente norte-americano, Barack Obama (esq.), e o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari (dir.), durante a cimeira do G7, em junho passado, na AlemanhaFoto: picture-alliance/AP Photo/C. Kaster

Outro assunto em cima da mesa deverá ser também a questão dos direitos dos homossexuais na Nigéria, um tema sensível onde não se esperam grandes avanços, diz ainda Peter Pham.

"A recente legislação introduzida em relação à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) na Nigéria deverá ser outro tema do diálogo – mas menos relevante," esclarece o especialista em assuntos africanos, acrescentando que, nos Estados Unidos, "as pessoas gostavam de ver mudanças nesse âmbito".

Mas, segundo Pham, "é preciso ter em conta que esta questão mexe muito com a popularidade política. Portanto, há que reconhecer que provavelmente não é possível alcançar o que se gostaria neste aspecto."

Dossiers econômicos deverão estar também na agenda do encontro entre os chefes de Estado, esta segunda-feira (20.07), em Washington - já que a Nigéria, o sétimo país mais populoso do mundo, é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos em África.

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