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Avanços no diálogo entre Governo e RENAMO criam otimismo

Cristina Krippahl23 de julho de 2014

Em Moçambique, o Governo e a RENAMO anunciaram ter resolvido 95% dos seus diferendos. Sem entrar em pormenores, deixaram entender que pode estar para breve o fim de meses de conflito.

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Diálogo entre o Governo da FRELIMO e a RENAMOFoto: DW/L.Matias

Sobre estes avanços a DW África entrevistou o analista moçambicano Silvério Ronguane:

DW África: Estão criadas as condições para uma paz duradoira?

Silvério Ronguane (SR): Havia questões da entrega da candidatura da RENAMO, faltava o registo criminal, portanto, esse documento já foi conseguido. Esses dois factos, a não existência de muitos ataques e o facto de o líder da RENAMO ter conseguido entregar o seu processo completo, e depois com este anúncio de que as duas partes, efetivamente, já alcançaram o entendimento em 95%, penso que são razões suficientes para acreditarmos que o que os nossos dirigentes estão a dizer é verdadeiro. Por isso estamos muito expetantes e otimistas e acreditamos que com fundamento desta vez teremos a tão almejada paz.

DW África: Quais são os 5% que faltam?

Saimon Macuiane und RENAMO-Delegation
Saimon Macuiane, chefe da delegação da RENAMO nas negociações com o GovernoFoto: Leonel Matias

SR: Essa é a questão, mas conforme os negociadores defeniram houve um consenso entre as partes de que não se devia referir aos pontos. Presumo que os 5% é isto: uma coisa são os entendimentos na mesa do diálogo, são as boas intenções, mas outra coisa é por em prática um processo de paz complexo como este a que estamos a assistir. É fácil também advinhar que esses 5%. Mas isto é especulação, podem referir-se a certas garantias, a algumas questões relacionadas, por exemplo, com o porta-voz da RENAMO que continua preso.

DW África: Há um problema de longa data que é a integração dos elementos da RENAMO no exército nacional. Acha que esse problema ficou resolvido ?

SR: Penso que esta é uma falsa questão, nunca vai ser possível integrar todos os homens, nunca vai ser possível retirar as armas das mãos de todas as pessoas. O que é importante é que haja um compromisso e comprometimento das lideranças políticas para não dar azo a esses grupos de homens armados residuais. Mas não é por aí que exista um perigo para a paz, há perigo para a paz quando há injustiça, quando há fraudes, mentiras, desigualdades, isto é que é o problema.

José Pacheco
José Pacheco, chefe da delegação do Governo nas negociações com a RENAMOFoto: DW/L.Matias

DW África: Disse inicialmente que só esporadicamente tem havido ataques e tiroteios. De sábado para domingo pessoas que se pensa serem elementos da RENAMO raptaram 19 jovens. Acha que existe dentro da RENAMO uma ala que não quer a paz?

SR: Não acredito muito nisto, porque há-de perceber que esses raptos nós presumimos que sejam da RENAMO, mas efetivamente não sabemos. Sempre que houve um entendimento sério entre a FRELIMO e a RENAMO, a RENAMO foi capaz de controlar os seus homens.

DW África: Mas não haverá o perigo de esta ser apena uma trégua para as eleições e se depois os resultados não forem do agrado de um ou outro lado os conflitos recomeçam?

SR: Se houver justiça, boa intenção, comprometimento entre as partes e transparência eleitoral, eu estou convencido que os moçambicanos são capazes de aceitar derrotas, desde que a pessoa perceba que isso resulta de um processo mais ou menos limpo, com regras claras, em que todos aqueles que se esforçam podem ter bons resultados.

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