Angola é rica em rios mas a água não chega a todos
22 de março de 2013
O dia 22 de março é o Dia Mundial da Água. Uma oportunidade para discutir a importância desse recurso natural e formas de preservá-lo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, houve uma queda acentuada no número de pessoas sem acesso a água potável no mundo, mas ainda assim o problema persiste em muitos países. Um deles é Angola.
Por que falta água em Angola?
Angola é um dos países com uma rede hidrográfica invejável. Por todo o país, há muitos rios, mas apenas metade dos estimados 16 milhões de habitantes têm acesso a água potável canalizada, segundo as autoridades nacionais.
As razões vão desde os problemas com a captação de água às dificuldades em se ter estações de armazenamento, tratamento e distribuição deste recurso tão importante para os seres vivos. Somado a isso, ainda há o facto da grande parte das redes de canalização em Angola estar obsoleta. Em estado catastrófico.
Água sem saber da onde vem
Em Luanda, com mais de seis milhões de habitantes, é a cidade angolana mais problemática com relação a falta de água, principalmente devido ao crescimento desordenado. A capital dispõe de várias subestações de captação e tratamento, porém muitos bairros ainda não têm acesso ao precioso líquido de forma canalizada.
Albertina João é moradora de Luanda e precisa levantar todos os dias às 5 horas para ir buscar água em uma fonte, devido a falta de água canalizada.
Manuel Gustavo, que vive num bairro angolano de médio padrão, obtém água por meio de um caminhão cisterna. Desta forma, herda também todos os riscos que esta ação implica.
"Vivemos nesta área há quase sete anos e sempre obtivemos água por meio de cisternas. Na verdade, a gente não sabe bem como são essas cisternas. Não sabemos se elas são regularmente limpas. Simplesmente compramos a água dos vendedores, por assim dizer, ambulantes. Nem sabemos se eles têm documentos ou certificados que pudessem comprovar algum tipo de inspeção na cisterna ou se ela recebe tratamento", conta o morador.
O que o governo faz?
Há alguns anos, o governo angolano vêm implementando um programa de âmbito nacional para levar água a todos. A iniciativa consome milhões de dólares dos cofres do Estado regularmente.
Manuel Quintino, do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos de Angola, considera que o cumprimento do programa "Água para todos" depende também do censo populacional.
"O programa é um plano master. Ou seja, um Instrumento da planificação hídrica que congrega uma série de consumidores. Mas nós precisamos saber concretamente quantos nós somos. E este dado estatístico só será aferido em maio de 2013 quando se levar a cabo o censo populacional. Acredito que atualmente, de 40 a 60 por cento da população beneficia do abastecimento de água.", explica o especialista.
No mundo todo, o número de pessoas sem acesso a água caiu pela metade. Uma mudança que animou os órgãos internacionais. Porém, ainda assim, há 780 milhões de pessoas que não usufruem facilmente deste recurso.