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25 de julho de 1956

Catrin Möderler (gh)

Em 25 de julho de 1956 o navio italiano Andrea Doria colidiu com o sueco Stockholm, devido a forte nevoeiro na costa de Nova York. A maioria dos passageiros foi salva, mas para 47 deles o resgate chegou tarde demais.

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Cruzeiro Andrea Doria após a colisãoFoto: AP

"Uma cena comovente se passa diante de nossos olhos: uma mãe, cujo filho estava na Itália e que hoje de manhã ouviu no rádio o que acontecera, encontrou-o novamente, são e salvo. Ela o abraça e chora."

Nem todos os passageiros do Andrea Doria tiveram a mesma sorte descrita pelo repórter de rádio. A viagem de número 150 do cruzeiro de luxo italiano, que fazia a linha Gênova-Nova York, foi fatal. Pouco antes de chegar a seu destino, na noite de 25 de julho de 1956, ele foi abalroado pelo navio de passageiros Stockholm e começou a afundar.

"Estávamos dormindo e fomos acordados por um choque violento, por um estrondo", contou a estudante alemã Sylvia Raher. Ela estava a bordo do Andrea Doria porque participava de um intercâmbio acadêmico e iria iniciar seus estudos nos Estados Unidos. Raher viajava na classe turística e, como ocorrera no funesto naufrágio do Titanic, também no cruzeiro italiano os camarotes baratos foram os mais atingidos pelo acidente.

"Ao sairmos do camarote nos deparamos com um cenário terrível. Estávamos bem no fundo do navio, próximo ao ponto em que o outro navio nos abalroou. Foi um horror. O navio tinha virado, de modo que éramos constantemente lançados contra a parede externa. E, nos corredores laterais, as paredes já estavam em parte quebradas. Já entrava água e todos procuravam um jeito de sair daquele buraco e chegar ao convés."

No total, 1.134 passageiros e 572 tripulantes encontravam-se a bordo do Andrea Doria. Na segunda e terceira classes viajavam, além dos estudantes, italianos em busca de uma nova vida nos Estados Unidos. Os 160 passageiros da primeira classe eram estadunidenses que haviam passado suas férias na Europa.

Luxo a bordo

Os camarotes de luxo do navio, batizado com o nome de um almirante renascentista italiano, eram o orgulho da nação. Os melhores artistas da Itália haviam realizado ali verdadeiras obras-primas de arquitetura interior. Os passageiros da primeira classe, entre eles a esposa do astro de Hollywood Cary Grant e o prefeito de Filadélfia, tinham todo o luxo imaginável a bordo.

A maior suíte do navio era ocupada pelo redator-chefe do jornal San Francisco Chronicle e sua esposa. Afrescos dos 12 signos do zodíaco adornavam as paredes. Como uma faca, a proa do Stockholm partiu essa maravilha ao meio. Os dois norte-americanos foram os primeiros dos 47 passageiros que morreram a bordo.

Resgate dos sobreviventes

"Vimos ferimentos graves, principalmente em pessoas idosas. Descemos por uma corda para chegar aos botes salva-vidas. Isso, depois de passarmos duas horas pendurados na balaustrada, cuidando para não escorregar e cair no mar", contou Raher.

O transatlântico francês Ile de France zarpara do porto de Nova York pouco depois do Stockholm. Ele ainda chegou ao local do acidente a tempo de salvar a maioria dos náufragos, entre eles o estudante Heinrich Schneider, de Viena, resgatado em um barco a remo e levado para o Île de France.

Outro sobrevivente teve de ser levado à força para o barco salva-vidas. Era o capitão do Andrea Doria, Piero Calamai, que preferia afundar junto com o navio. Assim, ele foi obrigado a ver a bandeira do Ile de France içada a meio mastro, em sinal de luto pelas vítimas do Andrea Doria. Mais tarde, ele diria: "Eu amava o mar; agora, o odeio".

A culpa pelo acidente marítimo nunca será definitivamente esclarecida. Parece ter ocorrido uma série de circunstâncias infelizes. Um nevoeiro tornara o Andrea Doria invisível a outros navios; por falta de sistema de radar, não foi possível definir a posição exata do cruzeiro. Após 11 horas de luta no mar, o Andrea Doria afundou, a poucas centenas de milhas do local do naufrágio do lendário Titanic.