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'Provavelmente Deus não existe'

Ruth Rach (sm) 19 de janeiro de 2009

Uma campanha publicitária britânica passa a palavra aos ateus. Por Londres circulam cartazes com o slogan "Provavelmente Deus não existe". A campanha está sendo imitada em outros países europeus.

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Campanha financiada por doaçõesFoto: Jon Worth / British Humanist Association

Vê-se um jovem casal ao lado de um ônibus vermelho de dois andares na Tottenham Court Road, em Londres. O cartaz no ônibus diz em letras vermelhas garrafais: "Provavelmente Deus não existe. Parem de se preocupar e aproveitem a vida".

Em primeiro lugar, os dois nem percebem o anúncio. Mas depois ficam perplexos. "O slogan parte do princípio de que não se pode aproveitar a vida quando se acredita em Deus, mas muitas pessoas religiosas diriam que a fé é justamente sua fonte de alegria", diz a jovem. "O dito não me acrescenta muita coisa, pois na verdade expressa aquilo que eu já penso mesmo", explica seu namorado.

Mensagens ateias em toda a cidade de Londres

A ideia da "campanha de ateus" vem da comediante britânica Ariane Sherine. Ela sempre ficava irritada com os dizeres bíblicos nos cartazes de ônibus. Uma vez, no site indicado em um desses cartazes, ela encontrou a mensagem de que todos os não-cristãos vão arder para sempre no fogo dos infernos.

Para Sherine, está mais do que na hora de dar voz aos céticos. A campanha foi financiada com doações. O cientista Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um Delírio, apoiou a campanha – e depois disso começou a chover dinheiro. Dentro de quatro dias se angariaram 100 mil libras; em geral, através de pequenas contribuições.

Atheist advertising campaign launched
Ariane Sherine e Richard Dawkins diante de um dos ônibus da campanhaFoto: picture alliance / empics

Para Dawkins, essa campanha expressa o sentimento de muitos ingleses. "Há dez anos, seria impensável discutir o tema religião neste país. Os ingleses achariam de mau gosto." Mas desde os atentados de 11 de setembro de 2001, eles não estão mais dispostos a revidar com silêncio àqueles que ostentam com sua religião pelo mundo, opina ele. "Não temos mais problemas em ferir as pessoas. Afinal, elas também não veem problema em nos ferir, em casos extremos até com bombas e atentados."

Cartazes de propaganda em ônibus e metrôs

A campanha prevê mil cartazes para o metrô de Londres. Dois telões na Oxford Street deverão propagar citações de poetas e cientistas famosos. "Não basta ver que o jardim é bonito, sem ter que acreditar de imediato que do outro lado vivem elfos?" A campanha de cartazes envolve 800 ônibus britânicos.

Uma associação humanista britânica é coorganizadora do evento. "O Reino Unido é um país extremamente mundano e, mesmo assim, nossos políticos atribuem muita importância às declarações de comunidades religiosas", declarou a presidente da associação, Polly Toynbee. Para ela, a influência exercida por grupos de interesses religiosos tornou-se desproporcional.

Na opinião de Toynbee, isso tem consequências sócio-políticas concretas. "Foram os muçulmanos que começaram, depois os cristãos também entraram nessa e, de repente, temos uma onda de escolas de confissões subvencionadas pelo Estado. Em certas regiões, é quase impossível achar para seu filho uma escola que não seja ligada a nenhuma confissão."

Espanha acompanha

A campanha teve repercussão internacional. Em Barcelona, na Espanha, foi lançada uma iniciativa semelhante. Na Itália, ela deve ser lançada em fevereiro. E da Alemanha também houve grande interesse, confirmaram os organizadores. Já na Austrália, uma iniciativa publicitária ateia foi proibida.