1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Zona de pedestres

29 de maio de 2010

A via só para pedestres existe desde os anos 1950. Hoje ela é cartão de visita de qualquer cidade alemã. No entanto, há algumas mais e outras menos atraentes – o que o futuro reserva para este invento do pós-guerra?

https://p.dw.com/p/NNkS
Placa indicativa de uma zona de pedestresFoto: Marlis Schaum

As zonas de pedestres podem ser muito estressantes, embora não haja carros. A existente em Colônia, por exemplo, está praticamente sempre cheia: cabeças entram e saem dos becos, se esforçam para ter uma vista das vitrines.

A arquiteta Christa Reicher tem vontade de mudar isso, sempre que passa pela rua Hohe Strasse. "Aquilo é uma verdadeira selva de placas", diz. As fachadas dos prédios estão cobertas por anúncios de diversas lojas, na horizontal e na vertical.

O segredo está na mistura

Fußgängerzone Köln
Poluição visual no centro de ColôniaFoto: Marlis Schaum

Não é o que se pode chamar de um ambiente agradável. Mesmo assim, ali está sempre cheio de gente e a arquiteta e urbanista Christa Reicher diz não haver zona de pedestres perfeita. O fundamental é que haja espaço suficiente, não só para que as pessoas se locomovam, mas também para que haja festas ao ar livre ou atos públicos. Uma zona de pedestres também não deve ser "supermobiliada" – não poder ter bancos, latas de lixo, árvores ou chafarizes demais. A cidade também tem de evitar a existência de lojas desocupadas e se preocupar com a aparência das construções.

O centro da cidade de Maastricht (Holanda), por exemplo, agrada a Christa Reicher. Lá funciona a combinação de pouco trânsito, formas variadas de praças e ruelas e pouca propaganda. Por sinal, foram os holandeses a estabelecer a primeira zona de pedestres. Na Alemanha, Kassel afirma ser a pioneira, instituindo a fussgängerzone em 1953.

Depois da Segunda Guerra Mundial, muitas cidades da Europa, sobretudo da Alemanha, tiveram seus centros destruídos. Os urbanistas puderam criar algo completamente novo. Apesar disso, o boom das zonas de pedestre da Alemanha teve que esperara até os anos 1970. Com algumas exceções, até então a circulação de veículos era mais importante que os pedestres.

A segunda geração

Na década de 70, teve início uma reflexão maior sobre a preservação e a proteção dos centros das cidades, e as zonas de pedestres se alastraram. Hoje, 30 a 40 anos depois, quase não há cidade na Alemanha sem zona de pedestres, e, no momento, muitas delas estão sendo reformadas. É o que a urbanista Christa Reicher chama de "segunda geração".

Fußgängerzone Köln
Arquiteta e urbanista Christa ReicherFoto: Marlis Schaum

Para as cidades, as zonas de pedestres são importantes cartões de visita, com as quais "elas se impõem em relação às outras cidades, geram poder de compra e criam espaços de convivência atraentes para os moradores".

Às vezes dá certo, às vezes nem tanto – trata-se de uma questão de gosto. Por algum tempo, as zonas sem veículos concorreram com os shopping-centers localizados fora do centro. Elas sobreviveram bem à moda dos "paraísos do consumo", já ultrapassada.

Contudo, é visível que em muitas zonas de pedestres da Alemanha as lojas são sempre as mesmas, pois se tratar de filiais de grandes empresas. "Uma lei econômica", define Christa Reicher. Contra isso não há muito a se fazer no planejamento das zonas de pedestres: a decisão cabe às prefeituras.

Zona de pedestres para sempre

Fußgängerzone Köln
Zona de pedestres colonianaFoto: Marlis Schaum

Os aluguéis de lojas no centro são mais altos, e afastam as pequenas empresas que não conseguem pagá-los e se afastem. É claro que as cidades poderiam evitar isto: a questão é se têm interesse.

Reicher está convencida de que, a longo prazo, vale a pena garantir a diversidade de comércio e gastronomia, como também assegurar que os prédios estejam em bom estado e possam ser bem vistos. Isto aumenta o valor dos imóveis e a atratividade do local.

Hoje há no mundo inteiro áreas de pedestres e elas se modificam. Um novo conceito é o do shared space (espaço compartilhado), no qual pedestres e veículos utilizam o espaço público com os mesmos direitos.

Apesar disso, a urbanista está convencida de que essa variedade urbanística sempre existirá, desde que certas regras sejam observadas. "O fim das zonas de pedestres significaria uma perda de variedade nas opções de comércio e gastronomia e, é claro, a abertura para o trânsito e para a 'supermobiliação' do espaço urbano."

Autora: Marlis Schaum (TM)
Revisão: Augusto Valente