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Voar é bom, mas o barulho...

lk30 de dezembro de 2002

Engenheiros europeus dedicam-se a uma verdadeira tarefa de Sísifo, em busca de soluções para reduzir as emissões sonoras das aeronaves.

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Poluição sonora aumenta com a popularização do aviãoFoto: AP

Espaço aéreo congestionado nas proximidades das grandes cidades e aeroportos cada vez mais gigantescos e movimentados são conseqüências da popularização do avião como meio de transporte. A criação de cada vez mais empresas que oferecem vôos a preços baixos agrava a situação.

Moradores das proximidades de aeroportos sofrem com o barulho constante das aeronaves que decolam e pousam. Qualquer planejamento de ampliação de pistas ou de construção de novos aeroportos gera protestos da população e de organizações ambientais. As turbinas dos aviões são simplesmente barulhentas. Existe apenas um consolo: antigamente elas faziam mais barulho ainda.

As autoridades tentam manter a situação sob controle por meio da proibição de decolagem e pouso, bem como de multas para aeronaves barulhentas. Em Frankfurt, por exemplo, onde fica o maior aeroporto da Alemanha, com movimento de 460 mil aeronaves no ano passado, uma operação noturna com um Boeing 747 custa 1500 euros, aviões mais barulhentos chegam a pagar 15 mil euros para pousar ou decolar à noite. Medidas desse tipo levam as companhias aéreas a se interessar mais por aviões menos barulhentos, quando vão comprar aeronaves novas.

Equipes de engenheiros em busca de soluções

"Nós lutamos por cada decibel", afirma Fredi Holste, engenheiro-chefe da Rolls Royce alemã, uma das equipes de engenheiros europeus que buscam soluções para reduzir as emissões sonoras dos aviões.

O mais amplo programa com essa finalidade foi iniciado no ano passado pela União Européia: o Silence(r), subsidiado com 110 milhões de euros e com a participação de 50 empresas. A ambiciosa meta é reduzir o barulho produzido pelas aeronaves em 40% até 2008.

Na Alemanha, a Lufthansa desenvolve um projeto conjunto com o centro aeroespacial DLR, fomentado pelo Ministério da Economia. Cientistas do DLR filmaram um avião da Lufthansa, em setembro, com uma "câmera acústica", composta de 240 microfones, para detectar as maiores fontes de ruídos numa aeronave.

Um grande problema é a fricção das massas de ar, seja na própria turbina, seja nas asas durante o pouso. Por meio de inúmeras mudanças técnicas nas turbinas, os engenheiros conseguiram reduzir o barulho produzido por elas em um quarto, desde a década de 60.

Mas quanto mais eles avançam, mais vagarosos se tornam os progressos, em vista da complexidade da tarefa de combater as fontes de ruídos sem tornar o avião mais pesado, o que aumentaria o consumo de combustível, encarecendo as viagens.

A inclusão de surdinas nas paredes dos motores, construção de câmaras ocas na fuselagem e aplicação de placas de cerâmica são algumas das alternativas que os engenheiros experimentam atualmente. Outro é o controle ativo dos ruídos por meio de alto-falantes: com seu auxílio, produzem-se sons de uma intensidade capaz de neutralizar o barulho das turbinas.

O aumento constante do tráfego aéreo tem neutralizado o progresso logrado pelos cientistas. A poluição sonora do aeroporto de Frankfurt está estagnada no mesmo nível há dez anos, apesar das melhorias introduzidas nas turbinas desde então, segundo o semanário Die Zeit, que tratou do assunto em edição recente.

O autor do artigo lembra, porém, que existem casos em que truques banais produzem um grande resultado: um Airbus 319 deixou de assobiar pelos ares, quando os engenheiros descobriram que o barulho era causado pelo ar passando por certos orifícios de ventilação nas asas. Bastou aparafusar proteções metálicas diante deles, e o "concerto" acabou.