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Visita de Schröder pode estimular novos investimentos na AL

Johannes Beck / mw8 de fevereiro de 2002

Alemães quase não participaram das privatizações na América Latina na década passada, mas investimentos diretos cresceram. Chefe de governo tentará desfazer imagem de que AL não está entre prioridades da política alemã.

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São Paulo, o maior pólo industrial alemão no mundoFoto: AP

"Por que as empresas alemãs quase não participaram das privatizações na América Latina nos últimos anos?" Com certeza, o chanceler federal Gerhard Schröder, o ministro da Economia, Werner Müller, e 25 empresários alemães vão ouvir esta pergunta com freqüência durante sua visita à América Latina, a partir de domingo até o dia 16. Em nenhuma das três paradas da viagem (México, Brasil e Argentina), as empresas alemãs mostraram grande interesse pelas privatizações.

Mesmo assim, segundo o Dresdner Bank, os investimentos diretos da Alemanha na AL cresceram de 7 bilhões de euros em 1990 para 21,5 bilhões em 1999. Porém, os alemães seguem privilegiando setores tradicionais, como das indústrias química, de maquinaria e automobilística. Conforme a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, de São Paulo, a maior metrópole brasileira é, inclusive, o maior pólo industrial alemão em todo o mundo – até mesmo à frente das cidades da própria Alemanha.

Apesar disto, as empresas alemãs cochilaram durante os programas de privatizações. Nenhuma empresa de telecomunicações privatizada, nem licença para operação no setor foi comprada por algum grupo alemão. O mesmo aconteceu no setor de energia e bancário, nos quais americanos, espanhóis, portugueses e italianos deixaram os alemães no chinelo.

Investimento só sem risco

– Bernard Bauer, diretor da Câmara de Indústria e Comércio Equador-Alemanha, em Quito, explica o fato com as diferenças de cultura empresarial. "As empresas alemãs não gostam de riscos como os americanos", diz ele. "Se as condições gerais não forem boas, as empresas alemãs evitam investimentos em tais países.

Ao menos no que diz respeito ao volume de investimentos diretos, Schröder escolheu bem os três destinos de sua viagem. Em 1999, fluíram para o Brasil 7,1 bilhões de euros, ou seja, um terço de todo o investimento alemão na América Latina. México, com 4,7 bilhões, e Argentina, com 2,3 bilhões, perfazem um segundo terço.

Região andina

– Após sua visita ao México, Schöder voará para o Brasil, sem fazer escala na Colômbia, Peru ou Venezuela. Os representantes alemães nos países andinos sentem-se,p há tempos, deixados de lado, diz Bernard Bauer. "Aparentemente não há grande interesse no momento, por parte do empresariado e do governo alemães, pelos países andinos."

De fato, as empresas alemãs mal investem na região. Por exemplo, o Equador recebeu em 1999 apenas 70 milhões de euros em investimentos, apenas 0,03% dos investimentos alemães na AL. Bauer atribui o desinteresse à insegurança legal e à falta de transparência nestes países. "Todo dia o governo e o parlamento tomam novas decisões." A isto soma-se que o mercado equatoriano é realmente diminuto. "As empresas alemãs preferem atender o Equador a partir da Colômbia."

Argentina e Brasil

– Em Buenos Aires, o chanceler federal alemão tem outro tema para tratar, além de novos investimentos. O governo argentino quer um crédito de 15 a 20 bilhões de dólares do FMI para combater a crise econômica. O presidente Eduardo Duhalde tentará convencer Schröder da sustentabilidade de seu programa econômico. Afinal, a Alemanha, juntamente com os demais países da União Européia, tem grande peso nas decisões do FMI.

Por seu lado, Schröder se esforçará para corrigir a impressão de que a AL está fora das prioridades da política alemã. Seu país, por exemplo, não desempenha papel algum nas tentativas de paz para a Colômbia, afundada em guerra civil. As prioridades alemãs ficaram bem claras quando Schröder cancelou a curto prazo sua planejada viagem ao México, Brasil e Argentina em 2001, para acompanhar um debate no parlamento alemão sobre o envio de tropas para a Macedônia. Além disto, a última visita oficial de um chefe de governo alemão à América Latina aconteceu em 1996.

Pelo menos as más línguas não poderão dizer que o chefe de governo alemão adiou propositalmente a visita para poder curtir o Carnaval brasileiro. O chanceler federal só aterriza em São Paulo, vindo do México, na Quarta-feira de Cinzas.