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Aniversário de um ícone do poder

Agências (jbn)14 de janeiro de 2009

Em seu aniversário, Andreotti disse não ter medo da morte e que espera "desconto" no purgatório. Sua carreira conta com quase 40 anos de altas e baixas. Ainda assim, Andreotti é um dos mais célebres políticos italianos.

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Andreotti ficou conhecido como símbolo de ambição e poder políticoFoto: AP

Considerado um dos políticos mais importantes da Itália, Giulio Andreotti completa 90 anos nesta quarta-feira (14/01). Na política há quase quatro décadas, ele já alcançou os pontos mais altos do sucesso e também já caiu nas mais profundas crises. Sua frase célebre, "O poder desgasta somente quem não o tem", reflete bem a imagem deste que já foi sete vezes primeiro-ministro, 33 vezes ministro e tornou-se senador vitalício em 1991.

Em entrevista na ocasião de seu 90º aniversário, Andreotti afirmou que não tem medo da morte. "Se vou mesmo para o paraíso, não sei. Mas talvez ganhe um desconto no purgatório", completou. Quando perguntado sobre o que escreveria na lápide de seu túmulo, respondeu de maneira espontânea e original: "Cuidem de seus próprios problemas".

Vida política

Na Itália, Andreotti é conhecido por seus admiradores como "La Volpe" – a raposa – ou "Divo Giulio". Devoto católico, começou sua carreira no Vaticano. Cursou Direito, especializou-se em jurisprudência canônica e, em 1942, conheceu seu mentor político, Alcide de Gasperi. Em 1972, assumiu pela primeira vez o cargo de primeiro-ministro e, desde então, já havia quem dizia: "Onde está o poder, está Andreotti".

BdT Silvio Berlusconi
Ao contrário de Berlusconi, Andreotti sempre esteva disposto a colaborar em processosFoto: picture-alliance/ dpa

Durante sua carreira, ajudou a escrever a Constituição italiana, participou da formulação do Tratado de Roma que levou à fundação da Comunidade Econômica Europeia (CEE) e lançou a pedra fundamental para o mercado comum europeu.

Até hoje, Andreotti é conhecido por muitos pela maquiavélica falta de escrúpulos e também como um símbolo de ambição. Embora seja claramente pró-Europa, o político foi contra a unificação alemã, afirmando: "É bom que os dois Estados alemães se entendam, pois assim haverá paz. Mas ninguém deve exagerar. Há dois Estados germânicos e é assim que devem ficar".

Ligações com a máfia?

No início da década de 90, o democrata-cristão enfrentou sérios problemas políticos, por ter sido acusado de manter contatos com a máfia italiana. Logo após a queda da "república dos subornos" na Itália, Andreotti teve de se apresentar aos tribunais em duas ocasiões. A primeira por causa do assassinato do jornalista Mino Pecorelli, que havia investigado a "Cosa Nostra" na Sicília, e a outra porque estava sob suspeita de envolvimento com a máfia de Palermo.

A investigação sobre suas ligações com a máfia durou 11 anos. Na época, "Divo Giulio" abriu mão de sua imunidade para que pudesse ser investigado. Esta atitude trouxe a ele também o respeito de adversários políticos, pois, ao contrário de outros, como o atual primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, Andreotti sempre se colocou à disposição para responder a processos.

Há cinco anos, o veterano político foi inocentado das acusações. "Fico feliz que esteja vivo até o dia desta decisão. Muitos esperavam que pudesse me despedir antes, mas não fiz este favor a eles", disse ironicamente.