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Veredicto do "Contador de Auschwitz" é antecipado

Ben Knight (cn), de Lüneberg14 de julho de 2015

No último dia de julgamento, advogados de Oskar Gröning, de 94 anos, pedem absolvição do réu, no que é provavelmente o último processo na Alemanha por crimes do nazismo.

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Foto: picture-alliance/dpa/R. Hartmann

Em uma rápida sessão no Tribunal Regional de Lüneberg, no norte da Alemanha, o juiz Dirk Struss ouviu na manhã desta terça-feira (14/07) as quatro considerações finais dos vários advogados que representam os coautores do processo. As sessões no julgamento de Oskar Gröning, de 94 anos, conhecido como o "Contador de Auschwitz", não podem ultrapassar três horas por dia, devido à idade avançada do réu.

Após ouvir a promotoria, o juiz ordenou que a defesa fizesse sua consideração final. Ficou evidente que o advogado de Gröning, Hans Holtermann, não esperava que tivesse que apresentar a defesa ainda nesta terça-feira. No final da sessão, a palavra foi passada para Gröning. Seu comentário foi breve.

"O senhor Nestler [procurador] afirmou que Auschwitz era um local do qual não se podia simplesmente fazer parte. Eu concordo com isso", disse. "Eu sinceramente lamento não ter reconhecido isso antes. Eu realmente sinto muito. Além disso, eu não tenho nada a acrescentar às declarações da defesa", completou.

No final da sessão, o juiz surpreendeu muitos presentes no tribunal ao anunciar que o veredicto será anunciado já nesta quarta-feira, uma semana antes do esperado.

Investigações antigas

A consideração final da defesa, apresentada por Holtermann e Susanne Frangenberg, concentrou-se no fato de que Gröning já havia sido investigado em 1978 e que, na época, a investigação foi arquivada.

O atual julgamento é resultado de um precedente aberto pela condenação de John Demjanjuk em Munique, em 2011. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi um dos guardas do campo de extermínio de Sobibor.

Frangenberg argumentou que esse atraso de 37 anos no caso de Gröning impactou seriamente em sua capacidade de defesa no atual processo. "Ele teria se defendido melhor, porque era mais jovem e mais em forma, e isso poderia facilitar a obtenção de determinados argumentos", completou Holterman.

Gröning alega que pediu a transferência de Auschwitz em três ocasiões diferentes, mas nenhuma evidência foi encontrada. Durante o julgamento, um historiador chamado para esclarecer a versão de acusado alegou que solicitações de transferência para o fronte costumavam ser sempre concedidas para oficiais fisicamente aptos como ele.

A defesa argumentou também que devido à cooperação total de Gröning com a promotoria durante as investigações de 1978 e no atual julgamento, e diante do fato de que a Justiça alemã levou 37 anos para julgar esse caso, ele deveria ser absolvido.

Nazistas e neonazistas

A consideração final da acusação mais notável foi apresentada pelo advogado Mehmet Daimagüler, que também representa em Munique os parentes de duas vítimas no julgamento de Beate Zschäpe, a única sobrevivente do grupo neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU).

Daimagüler usou sua declaração para lembrar ao tribunal que Auschwitz e outras atrocidades nazistas estão enraizadas no racismo e no antissemitismo que continuam presentes na Alemanha e na Europa, se referindo aos assassinatos cometidos pela NSU e os protestos do Pegida em Dresden.

"Eu tenho a sensação de que há relutância em declarações como: 'Qual é o sentido de tudo isso? Realmente temos que fazer isso?' E eu acho que sim, tem que ser feito. Eu acho que isso é mais necessário do que nunca", afirmou Daimagüler.

Em entrevista à DW, o advogado apontou paralelos entre os dois julgamentos: "Em ambos os casos se trata de falhas do Estado. No julgamento de Lüneburg, a questão era o que fizemos para entender os tempos nazistas? E no julgamento de Munique a questão é o que o Estado fez para proteger uma parte da população? No caso, imigrantes. E aqui, nós temos que dizer novamente: muito pouco."