1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Vale confirma descoberta de arsênio no rio Doce

27 de novembro de 2015

Em coletiva de imprensa, diretora afirma que materiais tóxicos foram detectados no rio após rompimento de barragens da Samarco, mas diz que substâncias já estavam lá antes do desastre em Mariana.

https://p.dw.com/p/1HDmK
Foto: Reuters/R.Moraes

Arsênio e outros materiais tóxicos foram encontrados nas águas do rio Doce dias após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco em Mariana, Minas Gerias, no início deste mês, confirmou Vania Somavilla, diretora de Recursos Humanos, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Energia da Vale nesta sexta-feira (27/11).

Em coletiva de imprensa no rio de Janeiro, Somavilla confirmou informações apontadas num relatório do Instituto de Gestão das Águas de Minas Gerais (Igam), afirmando que arsênio, chumbo, níquel e cromo foram detectados em alguns pontos do rio Doce.

No entanto, segundo a diretora, os materiais não foram levados ao rio pela onda de lama desencadeada pelo rompimento das barragens, que deixou 13 mortos. "Eles já estavam nas margens ou no leito do rio" e foram remexidos pela enxurrada, disse. "A boa notícia é que esses materiais não se dissolveram na água" e agora estão diminuindo, afirmou.

A anglo-australiana BHP Billiton, dona da Samarco junto à Vale, também nega que a enxurrada de lama tenha contaminado o rio.

A posição das empresas contraria um comunicado emitido nesta quarta-feira pela ONU, pedindo ao governo brasileiro e às empresas envolvidas na catástrofe que tomem "medidas imediatas para proteger o meio ambiente e a saúde das comunidades em risco".

Segundo o comunicado, uma "nova evidência" mostra que o rompimento da barragem lançou no rio Doce um total de 50 milhões de toneladas de resíduos de minério de ferro, "contendo altos níveis de metais pesados e outros produtos químicos tóxicos".

"A escala do dano ambiental é o equivalente a 20 mil piscinas olímpicas de resíduos de lama tóxica contaminando solo, rios e o sistema de água numa área de mais de 850 quilômetros", alertou John Knox, relator especial das Nações Unidas sobre direitos humanos e meio ambiente.

Fundo

Na coletiva desta sexta-feira, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, anunciou a criação de um fundo para a recuperação do rio Doce e seus afluentes. Ferreira não especificou quanto dinheiro será envolvido, mas disse que o fundo será de longo prazo e aberto a revisões internacionais por órgãos governamentais e não governamentais.

Criticado por ativistas ambientais por uma resposta lenta e uma tentativa de se distanciar da tragédia em Mariana, Ferreira disse que "o desastre foi extremamente doloroso" para ele e outro executivos.

"Estamos preocupados com o fato de haver 5.200 pessoas que não sabem o que o futuro lhes reserva", disse, referindo-se aos afetados pela catástrofe.

No entanto, o presidente da Vale ressaltou novamente que a Vale é apenas uma acionista da Samarco e que ajuda estava sendo oferecida por "solidariedade". "Em quatro anos nunca estive nos escritórios da Samarco em Mariana", disse.

BV/LPF/rtr/afp