Vítima fatal em transporte de lixo atômico
7 de novembro de 2004O jovem foi atropelado neste domingo (7/11) pelo trem que levava lixo atômico da usina francesa La Hague para o depósito provisório de Gorleben, na Alemanha. A vítima, que estava sentada sobre os trilhos em sinal de protesto contra o transporte de material atômico, teve as duas pernas amputadas ao ser atropelado pelo trem, vindo a falecer em seguida. O acidente aconteceu, apesar das rígidas medidas de segurança que envolvem o transporte de resíduos radioativos.
Outros ativistas, que participavam das ações de protesto, conseguiram sair a tempo dos trilhos, ao perceberem que o trem se aproximava. Segundo informou a polícia francesa, o maquinista só veio a puxar os freios de emergência tarde demais. Um porta-voz da organização atinuclear Sortier du Nucleaire afirmou que o acidente deixou mais três feridos.
Homenagem e protestos
Em Hitzacker, na Baixa Saxônia – cidade próxima ao destino final do material atômico – centenas de pessoas prestaram homenagem à vítima, munidas de velas e lampiões em prol de um “fechamento de usinas atômicas em todo o mundo”. A passeata contou ainda com a participação de vários agricultores da região.
O acidente foi o primeiro da história envolvendo o transporte de material atômico entre a França e a Alemanha. Há mais de duas décadas, manifestantes se posicionam no percurso entre a usina de La Hague e o depósito de Gorleben, embora nos últimos anos o movimento antinuclear tenha perdido em número de participantes e em força.
O Partido Verde, que no passado participava ativamente da organização dos protestos e hoje faz parte da coalizão de governo em Berlim, alertou os manifestantes para que tomem cuidado durante os protestos. O ministro verde do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, enviou à França condolências pela morte do jovem.
Ativistas alemães declararam estar “completamente chocados” com o acidente que provocou a morte do jovem francês e anunciam mais protestos para a próxima semana. O mais é provável é que o problema persista, pois é muito improvável que o governo alemão encontre alguma região do país disposta a acolher de bom grado os detritos atômicos definitivamente. Ecologistas alertam que o próprio transporte do material já envolve uma série de riscos.