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Agricultura

27 de setembro de 2007

Áreas agrícolas desativadas nos últimos anos poderão voltar a ser cultivadas na próxima safra. Bruxelas cogita também derrubar taxas de importação de certos tipos de cereais, medida que poderia beneficiar o Brasil.

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Seca do início do ano prejudicou a safra européia de grãosFoto: picture-alliance/dpa

A União Européia reage à onda de aumento dos preços do pão, da cerveja, de carnes e de rações animais e pretende aumentar a produção de grãos.

Os ministros da Agricultura dos 25 países-membros do bloco aprovaram, na quarta-feira (26/09), uma proposta a ser apresentada à Comissão Européia para suspender até julho de 2008 a desativação de áreas agrícolas.

Nos últimos anos, os agricultores europeus receberam vários bilhões de euros em subsídios para deixar de produzir alimentos, a fim manter os preços artificialmente em alta. Desta forma, deixaram de cultivar 3,8 milhões de hectares de área agrícola, correspondentes a cerca da 10% da área cultivável da UE.

Deste total, 2,9 milhões de hectares poderiam voltar a ser cultivados imediatamente. Segundo cálculos da comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, com a medida, dez milhões de toneladas adicionais de grãos serão produzidos na Europa na próxima safra.

O vice-ministro alemão da Agricultura, Gert Lindemann, disse acreditar que o aumento da oferta poderá frear a disparada dos preços internacionais dos grãos. O preço mundial do milho subiu 85% entre 2005 e 2006, o do trigo, 60% desde o ano passado.

Demanda supera produção

Os motivos seriam o aumento da demanda desses produtos em países emergentes, como a China e a Índia, a queda da safra na Europa, causada pela seca de abril deste ano, e o boom da produção de biocombustíveis. Segundo Boel, pelo terceiro ano consecutivo, o consumo mundial de cereais supera o volume produzido.

Boel anunciou também que vai sugerir à Comissão Européia a suspensão temporária das tarifas aduaneiras sobre as importações de certos tipos de cereais, que então poderiam ser fornecidos em maior volume pelos Estados Unidos, pelo Canadá e pela América do Sul (especialmente pelo Brasil, que espera uma safra recorde).

Em média, essas tarifas são inferiores a 10%. A França, maior produtora de grãos da Europa, reagiu com cautela à idéia. "Se derrubarmos as barreiras tarifárias, mesmo que seja só por um tempo limitado, teremos dificuldades de voltar a cobrá-las", disse o ministro francês da Agricultura, Michel Barnier.

Os subsídios e as barreiras protecionistas européias são um dos principais pontos de divergência nas negociações da UE com os EUA e com os países emergentes no âmbito da Rodada de Doha de liberalização mundial do comércio.

Cotas de importação de leite

Symbolbild steigende Preise für Milchprodukte
Preço do leite também aumentaFoto: AP

O governo alemão anunciou que vai avaliar a proposta da comissária européia de Agricultura. Berlim, no entanto, rejeitou uma sugestão da Espanha e da Polônia, de suspender as cotas de importação do leite – cujo preço também dispara na Alemanha. "Mas se os preços continuarem em alta, a União Européia deve intervir", admitiu Lindemann.

Os ministros da Agricultura da UE rejeitaram nesta quarta-feira um pedido de autorização da importação de três espécies de semente de milho geneticamente manipulado de empresas norte-americanas. A decisão caberá agora à Comissão Européia, que já sinalizou sua aprovação.

A Alemanha também votou a favor da importação das sementes. "Como se trata de espécies de milho para ração animal, não há perigo de que organismos geneticamente manipulados entrem na corrente alimentar", disse Lindemann. (gh)