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Uma aliança malfadada

Assis Mendonça21 de janeiro de 2003

O chanceler federal Gerhard Schröder tenta ressuscitar a fracassada Aliança para o Trabalho entre representantes da classe patronal, dos assalariados e do governo. Os primeiros contatos foram pouco promissores.

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Gerhard Schröder (esq.) e Dieter Hundt, da Confederação Alemã dos EmpregadoresFoto: AP

Na segunda-feira (20/1), Gerhard Schröder reuniu-se com representantes da classe patronal, liderados pelo presidente da Confederação Alemã dos Empregadores, Dieter Hundt. Nesta terça-feira (21/1), foi a vez dos sindicatos, tendo à frente o presidente da Confederação Sindical Alemã (DGB), Michael Sommer. Muito antes do encontro, porém, os líderes sindicais já anunciaram condições prévias para a aceitação de uma nova Aliança para o Trabalho.

Uma das principais divergências entre os sindicatos e o governo alemão é a proposta do ministro da Economia e do Trabalho, Wolfgang Clement, de uma liberalização da lei que regula a estabilidade no emprego. Vistas como um grande empecilho para a contratação de pessoal pelas pequenas empresas, as regras da estabilidade no trabalho deveriam tornar-se menos rigorosas para firmas com um pequeno número de funcionários, na opinião do ministro. A iniciativa foi rechaçada, peremptoriamente, pelos sindicalistas.

Condições dos sindicatos

Após o encontro com o chanceler federal, o presidente da DGB citou as condições para participar de uma nova Aliança para o Trabalho: ela deve ser inteiramente nova e não apenas uma reativação das fracassadas tentativas anteriores nesse sentido. Além disto, os empregadores teriam de garantir um aumento considerável do número de vagas de aprendizagem de ofício nas empresas.

O mais importante, no entanto, foi mencionado en passant por Michael Sommer: os sindicatos não aceitam qualquer tipo de corte no bem-estar social dos assalariados. Com isto, o chefe da DGB deu praticamente um golpe de morte nas negociações, antes mesmo que começassem. Pois as "conversações sem tabu", pleiteadas pelo chefe de governo, visam exatamente uma redução dos custos sociais na Alemanha, a fim de possibilitar a criação de novos empregos.

Temas fundamentais

A Confederação Sindical Alemã mostrou-se assim irredutível nas suas posições, não admitindo conversar sobre a política salarial, nem sobre a estabilidade no emprego no âmbito de uma nova Aliança para o Trabalho. Na opinião da maioria dos institutos de pesquisa econômica na Alemanha são estes, contudo, os temas mais importantes para serem tratados num pacto de combate ao desemprego.

Para o presidente do instituto HWWA de Hamburgo, Thomas Straubhaar, uma liberalização das regras de estabilidade no emprego poderia gerar dezenas de milhares de novos empregos no país, equiparando-se em efetividade a algumas das medidas sugeridas pela Comissão Hartz.

O Instituto da Economia Mundial (IfW), de Kiel, vai ainda além disto. Seu presidente, Horst Sieber, acredita que a insistência pelo direito da estabilidade constitui até mesmo uma discriminação dos desempregados por parte dos sindicatos. E sugere que a liberalização das regras vigentes deveria beneficiar até mesmo empresas médias, com menos de 50 empregados.