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Política nuclear

23 de março de 2011

A Europa está dividida em relação à questão nuclear. Enquanto países como a Áustria rejeitam a energia atômica, boa parte da França depende dela. Depois do desastre no Japão, União Europeia quer reavaliação de riscos.

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Foto: AP

Na reunião de cúpula da União Europeia (UE), marcada para começar nesta quinta-feira (24/03), um dos temas dos chefes de Estado e de governo dos 27 países-membros serão normas de segurança comuns para os 143 reatores europeus. No entanto, ainda há muitos pontos de conflito sobre a questão nuclear na Europa.

A cúpula da UE vai decidir, por exemplo, quais especialistas independentes devem examinar os 143 reatores existentes no bloco quanto a riscos como terremotos, enchentes ou ataques terroristas. A idade e a forma de construção das centrais nucleares também estarão em jogo.

Os critérios específicos para os chamados "testes de resistência" devem ser definidos até meados do ano, mas ainda há controvérsias. Enquanto a Alemanha pede por critérios rígidos, Reino Unido, Eslovênia e Suécia não acham os testes tão importantes, segundo se comenta no círculo diplomático em Bruxelas. A maioria dos países quer aguardar os resultados das análises do acidente no Japão.

De acordo com o comissário da UE para Energia, Günther Oettinger, os testes já poderiam ser iniciados no segundo semestre deste ano. Alemanha e Áustria gostariam que eles fossem obrigatórios, mas a tendência mostra que deverão ser voluntários, o que levou a críticas de ambientalistas.

Além disso, Oettinger e outros gostariam de oferecer os testes a países vizinhos da UE. O tema é polêmico, já que o ministro de Relações Exteriores da Lituânia, Audronius Azubalis, disse recentemente que a alguns quilômetros da fronteira de seu país há usinas que "lesam todas as normas internacionais", numa referência a Rússia e Belarus.

Decisões polêmicas

Enquanto a Áustria – que tem uma usina nuclear nunca colocada em funcionamento – sugere que a Europa abandone a energia nuclear, a França adverte para reações precipitadas.

A Alemanha também foi alvo de críticas. Os parceiros europeus não gostaram que Berlim tenha decidido na semana passada o desligamento antecipado de alguns reatores mais antigos, sem consultar outros governos.

A decisão contrariou a estratégia acordada durante a cúpula de fevereiro, sobre a criação de um mercado energético comum. Após o anúncio da desativação das usinas alemãs, o preço da energia subiu em toda a Europa.

EU-Gipfel in Brüssel
Política nuclear europeia está longe do consensoFoto: AP

O Tratado de Lisboa prevê que cada país decida sozinho sobre o uso de energia nuclear, existente em 14 dos 27 estados-membros. No bloco europeu há 143 reatores, que juntos produzem cerca de um terço da energia consumida. Alguns reatores localizam-se em áreas sujeitas a terremotos.

A maioria está na França (58), onde 80% da energia vêm de fonte nuclear. A seguir aparecem Reino Unidos (19), Alemanha (17), Suécia (10) e Espanha (8), assim como países menores como a Bélgica e alguns países do leste europeu. A Itália e a Polônia planejam a construção de usinas.

Efeito dominó

Mas no debate nuclear as reações cozinham em fogo brando. Na última segunda-feira, segundo informação de diplomatas, o governo italiano reagiu com irritação à moratória "emocional" adotada pela Alemanha, o que teria "complicado" o debate sobre a retomada da energia nuclear na Itália, cujos reatores foram desativados há mais de 20 anos.

Após a decisão da Alemanha, o governo italiano também anunciou uma moratória de um ano nos planos de retomar a produção de energia nuclear para reduzir a dependência de petróleo e gás do exterior.

Na arena do aquecimento global, a questão tornou-se um dilema. Caso muitas usinas nucleares sejam fechadas em curto prazo, será difícil atingir as metas de proteção do clima, pois as usinas a carvão e gás terão que produzir mais – o que irá gerar grandes quantidades de gases causadores do efeito estufa. Até 2020, é meta da União Europeia reduzir em um quinto o nível de emissões em relação a 1990.

FF/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer