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Cúpula do G20

3 de setembro de 2009

Chefes de governo da Alemanha, da França e do Reino Unido divulgam posição comum a favor de limites no pagamento de bônus a altos executivos financeiros e querem que sugestão seja adotada pelo G20.

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Ajuda estatal a bancos desagra contribuintesFoto: dpa

Alemanha, França e Reino Unido defenderão, na cúpula do G20 em Pittsburgh, a definição de medidas concretas para limitar o pagamento de bonificações a altos executivos financeiros, segundo uma carta remitida à presidência rotativa da União Europeia (UE) – exercida pelo governo sueco – e tornada pública nesta quinta-feira (03/09).

Na carta, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, se opõem às chamadas bonificações garantidas.

Em seu lugar sugerem que grande parte dos elementos variáveis de remuneração tenham um prazo de pagamento mais longo e possam ser cancelados caso os negócios fracassem.

Surpreendente foi a assinatura de Brown, já que nesta quarta-feira, em Bruxelas, o Reino Unido havia se oposto à ideia devido ao temor de que as cabeças mais competentes da City de Londres deixem o principal centro financeiro europeu rumo a locais de maior remuneração, nos Estados Unidos ou na Ásia.

Encontro em Bruxelas

O encontro dos ministros das Finanças dos países-membros da União Europeia, nesta quarta-feira em Bruxelas, antecedeu a reunião dos ministros das Finanças e dos presidentes dos Bancos Centrais dos países dos G20, a se realizar nesta sexta-feira e sábado em Londres.

Além de preparar a posição europeia para a cúpula do G20, que acontecerá no final de setembro em Pittsburgh, nos EUA, os ministros europeus debateram em Bruxelas uma regulação mais restritiva para o capital próprio dos bancos.

No encontro nos EUA, os países da UE querem iniciar a discussão sobre uma redução mundialmente coordenada das ajudas estatais de apoio à economia. O principal objetivo do encontro em Bruxelas, no entanto, foi definir limites para o pagamento de bônus a executivos financeiros.

Na última segunda-feira, em Berlim, Sarkozy e Merkel haviam entrado em acordo quanto aos bônus de executivos. Em Bruxelas, a sugestão franco-alemã de limitar a bonificação de executivos encontrou amplo apoio entre os parceiros europeus, com exceção do Reino Unido.

Bônus tornou-se palavrão

Pressekonferenz Angela Merkel - Nicolas Sarkozy
Sarkozy e Merkel discutiram redução de bônus em BerlimFoto: AP

As novas regras francesas de maior controle sobre pagamentos de bônus a executivos do setor bancário servem de modelo. Nos últimos tempos, a palavra bônus tornou-se claramente um palavrão na Europa.

Por induzir à realização de negócios arriscados, os bônus pagos aos executivos são considerados um dos principais fatores do surgimento da crise financeira. Muitos cidadãos também se irritam com o fato de bônus milionários terem sido pagos a empregados de alto escalão de bancos que tiveram de ser salvos com ajuda estatal.

Por esse motivo, a maioria dos governos exige agora um abandono da prática. Anders Borg, ministro das Finanças da Suécia, que detém a atual presidência rotativa da UE, afirmou em Bruxelas que "a cultura do bônus tem que ter um fim. Os executivos bancários fazem festas como se estivéssemos em 1999, mas nós estamos em 2009".

O presidente do conselho de ministros das Finanças da UE acresceu que, no mais tardar no encontro de cúpula do G20 em 24 e 25 de setembro em Pittsburgh, a remuneração exagerada de executivos precisa ter um fim.

Resistência britânica

A França assumiu a linha de frente. Há tempos que o governo francês fala sobre tumores capitalistas do sistema anglo-americano. Em Bruxelas, a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, afirmou que "nós temos sugestões muito duras para pôr ordem na questão dos bônus e das remunerações".

Arrefecimento das reformas

No encontro em Bruxelas, os ministros europeus das Finanças saudaram os números divulgados pelo Eurostat, o órgão europeu de estatísticas, que apontam para uma estabilização da economia na zona do euro.

Com vista aos primeiros sinais de recuperação da conjuntura e de bancos, o Ministério alemão das Finanças alertou no início desta semana em Berlim sobre um marasmo nos esforços para uma reforma abrangente dos mercados financeiros globais.

Segundo o ministério, as decisões da última cúpula financeira do G20 devem ser implementadas sem lacunas. Elas formam o núcleo da próxima cúpula financeira mundial em Pittsburgh, explicou.

Há meses, as principais nações industriais e países emergentes, incluindo China, Brasil e Índia, decidiram que nenhum agente do sistema financeiro, nenhum produto financeiro, como também nenhum segmento do mercado financeiro permaneceria no futuro sem controle e regulação.

Devido aos sinais de arrefecimento dos empenhos de reforma, o Ministério alemão das Finanças afirmou que o G20 tem que objetivar resultados. "Nós colocaremos as reformas do mercado financeiro no centro das discussões."

CA/dw/afp/dpa

Revisão: Alexandre Schossler