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UE quer agir contra preços de dumping das companhias aéreas

(ns)12 de março de 2002

As medidas sugeridas pela Comissão Européia têm tudo para iniciar mais um capítulo da guerra comercial entre Europa e Estados Unidos. O pano de fundo são as subvenções americanas às companhias após o 11 de setembro.

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Airbus da American Airlines, uma das concorrentes das companhias européiasFoto: AP

A Comissão Européia pretende combater a concorrência desleal na aviação civil, que prejudica as companhias aéreas européias, através de multas, taxas de pouso e outras sanções. Elas serão aplicadas às linhas aéreas de países de fora da UE, como os Estados Unidos, que oferecem passagens a preços abaixo da concorrência graças a subsídios recebidos. A Comissão aprovou, nesta terça-feira, em Estrasburgo, uma proposta nesse sentido a ser encaminhada ao conselho de ministros e ao Parlamento Europeu.

Sanções não se voltam contra Estados Unidos

Se aprovadas, as sanções podem agravar mais ainda a crise nas relações entre a Europa e os Estados Unidos, afetadas por vários conflitos comerciais, inclusive a última desavença em torno da cobrança de sobretaxas às importações de aço nos EUA. A concorrência nos céus poderá abrir mais um capítulo nessa guerra comercial.

O objetivo é proteger as companhias européias de concorrência desleal, frisou a comissária Loyola de Palacio, acrescentando que as medidas "não se voltam, de forma alguma, contra um determinado país". Até agora não haveria instrumentos para combater abusos como esse, expôs o comissário de Comércio da UE, Pascal Lamy. O catálogo de medidas não está relacionado às recentes salvaguardas impostas ao mercado americano do aço, garantiu o comissário francês. Ele se baseia em uma recomendação que a Comissão formulara em outubro do ano passado, sendo casualidade sua aprovação poucos dias após a questionável decisão de Washington quanto ao aço.

As subvenções da discórdia

As companhias aéreas norte-americanas receberam subvenções do Estado no valor de 17,2 bilhões de euros após os ataques terroristas de 11 de setembro, o que se deu principalmente sob a forma de garantias para cobrir os seguros contra danos provocados por atentados terroristas, cujos contratos foram rescindidos pelas seguradoras. Também a Swissair recebeu uma injeção financeira de 1,4 bilhão de euros do Estado suíço para sanear a empresa à beira da falência. Tais medidas acarretam desvantagens para as linhas aéreas de países da UE, que não conseguem oferecer passagens aos EUA por preços tão baratos como a American Airlines, United ou a Northwest.

A nova diretriz daria às companhias européias a possibilidade de recorrer à Comissão Européia em caso de suspeita de dumping, explicou Loyola de Palacios. As autoridades européias procurariam resolver a questão com o respectivo país. Não havendo acordo, seriam adotadas "compensações", como a cobrança de taxas mais altas nos aeroportos. O montante da sanção seria calculado a partir da diferença entre a tarifa "normal" da passagem aérea e o preço abaixo da concorrência. Restrições ao direito de pouso também estariam sendo aventadas, informam o Financial Times e o Wall Street Journal.

O exemplo do big brother

- No caso das sobretaxas para produtos de aço, a União Européia recorreu à Organização Mundial do Comércio. Mas neste caso isso não é possível, pois a OMC ainda não regulamentou a concorrência na aviação civil. Nesse sentido, a UE apenas estaria seguindo o exemplo dos Estados Unidos, onde o Ministério dos Transportes já possui instrumentos de combate ao dumping na aviação.