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UE examina controvérsia sobre protecionismo francês

(av)20 de março de 2006

A Comissão Européia se dedica esta semana a uma controvérsia importante: uma oferta italiana para comprar grupo francês de energia e o empenho do governo de Paris para impedir a transação.

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Zeebrugge, projeto da Suez na BélgicaFoto: picture-alliance/dpa

A gigante italiana Enel, número três do setor europeu de energia, prepara o que se considera uma incorporação hostil do grupo francês Suez. A oferta movimenta Paris e alarma a autoridade de defesa da concorrência da União Européia. Em pauta estão visões conflitantes de uma economia única de livre mercado.

Por um lado, a UE apóia, em princípio, o livre fluxo de capital através das fronteiras nacionais, favorecendo sua locação onde possa ser mais produtivo e fomentar a concorrência. Por outro lado, certos países-membros da UE monstram-se cada vez mais determinados a preservar tradicionais ícones industriais nacionais

Protecionismo francês?

As autoridades italianas argumentam que, com o fim de frustrar os planos da Enel, Paris acelerou seus esforços para fundir a Suez com a Gaz de France (GDF). Dessa forma, a França estaria se permitindo um ato inaceitável de protecionismo econômico.

Os franceses rebatem que a aliança Suez-GDF faz sentido do ponto de vista econômico e beneficiaria enormemente o setor nacional de energia. As três companhias envolvidas apelam esta semana à União Européia, a fim de solucionar o impasse.

Neelie Kroes EU Kommissar gegen Microsoft
Neelie Kroes, comissária antritruste da UEFoto: AP

Antes de se lançar numa transação que lhe custará 50 bilhões de euros, a Enel quer estar certa de que a França não criará empecilhos, e que a comissária para assuntos antitruste da UE, Neelie Kroes, será uma mediadora imparcial.

Preocupação na Bélgica

Os planos para a fusão Suez-GDF também levantaram sérias preocupações relativas à competitividade na Bélgica, onde as duas empresas envolvidas mantêm interesses importantes.

O grupo resultante da fusão deteria uma parcela gigantesca do mercado de energia da Bélgica, combinando sob um mesmo teto a Electrabel, subsidiária belga da Suez, e a SPE.

Esta é a segunda maior operadora de energia do país, controlada em 51% pela GDF e a britânica Centrica. No mercado de gás belga, a GDF deixaria de competir com a Distrigaz, da qual a Suez detém 57%.

UE interfere

Thierry Breton und Gerard Mestrallet
Ministro da Economia da França, Thierry Breton (esq.), e presidente da Suez, Gérard MestralletFoto: AP

Os presidentes das duas companhias francesas, Gérard Mestrallet (Suez) e Jean-François Cirelli (GDF), têm reunião marcada com Kroes nesta segunda-feira, para explicar suas intenções de fusão.

Durante a semana anterior, ambos reiteraram não ter qualquer contato com a Enel. "Vivemos no mundo moderno", comentou Cirelli na quinta-feira. "Existem telefones e se a diretoria da Enel quiser entrar em contato conosco receberemos a chamada e escutaremos".

Por sua vez, o presidente da Enel, Fulvio Conti, se encontrará com Kroes na terça-feira, 21 de março, a fim de apresentar seus planos de incorporação. Enquanto isso, o ministro francês da Economia e Finanças, Thierry Breton, parte para o segundo encontro sobre o tema com seu colega de pasta italiano, Giulio Tremonti.

A Comissão da UE vem examinando relatórios apresentados pelo governo francês, sobre o histórico da fusão Suez-GDF. Sua avaliação é esperada para o final de março.