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UE anuncia ajuda financeira à Ucrânia

Bernd Riegert (msb)24 de fevereiro de 2014

Chefe da diplomacia europeia vai a Kiev negociar possível auxílio internacional ao país, que enfrenta crise política e econômica. Ausência de governo estável, porém, ainda é barreira, pois credores querem garantias.

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Foto: Reuters

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, está na Ucrânia a fim de abrir diálogo com o novo governo interino sobre uma ajuda financeira da União Europeia. De acordo com Olivier Bailly, porta-voz da Comissão Europeia em Bruxelas, Ashton vai oferecer um pacote de ajuda internacional, de valor total ainda não determinado, para ajudar a economia do país a curto, médio e longo prazo.

Antes de embarcar nesta segunda-feira (24/02), Ashton conclamou os dois lados a respeitarem o desejo maior dos ucranianos por democracia e a preservarem a unidade e a soberania do país. Segundo Bailly, a Comissão Europeia não pode confirmar se haverá uma conferência de credores internacionais, como havia sido sugerido pelo ministro interino de Finanças da Ucrânia.

O comissário europeu para assuntos econômicos e monetários, Olli Rehn, afirmara no domingo, durante encontro dos ministros de Finanças do G20 em Sydney, que agora o montante necessário já está na casa dos bilhões, e não mais dos milhões.

Durante todo o período de transformações políticas na Ucrânia, a UE reforçou diversas vezes que acordos de associação e de livre-comércio estavam prontos para ser assinados. Em Bruxelas, a Comissão Europeia confirmou que eles dependeriam apenas de a Ucrânia estipular quando ou mesmo se esses acordos serão firmados.

Destino do dinheiro

A líder da bancada do Partido Verde no Parlamento Europeu, Rebecca Harms, disse em Kiev que União Europeia e Estados Unidos agora precisam imediatamente definir um pacote de ajuda. Harms foi à capital ucraniana neste fim de semana e já conversou com a recém-libertada líder da oposição Yulia Timochenko.

Pouco antes de sua partida de Bruxelas, a parlamentar verde afirmou que a UE precisa auxiliar urgentemente o novo governo da Ucrânia também com reformas judiciais. Não se pode recorrer agora à "Justiça política e à vingança" contra o governo anterior, afirmou Harms à DW. Negociações entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Ucrânia sobre concessão de crédito fracassaram no ano passado, ao não se chegar a um consenso sobre as condições do negócio.

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Catherine Ashton encontra-se com Klitschko, líder da oposição, em KievFoto: Reuters

Isso, segundo Harms, não pode acontecer mais: "As condições inflexíveis do FMI não deveriam ser aplicadas aqui. É preciso ao mesmo tempo cuidar para que grande parte dos recursos da Ucrânia não continue sendo enviada a outros países por meio de fuga de capitais, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. Quando isso estiver sob controle, aí sim a Ucrânia precisará de menos dinheiro de fora."

Durante o encontro de ministros do G20 em Sydney, a diretora do FMI, Christine Lagarde, disse que as reformas econômicas na Ucrânia precisam pelo menos começar, antes que uma eventual ajuda seja liberada.

O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, anunciou que na próxima quinta-feira (27/02) vai conversar pessoalmente com o FMI sobre a concessão de créditos para a Ucrânia. Ele estará em Washington para tratar de assuntos políticos entre Alemanha e Estados Unidos.

Russos nas conversas

O encarregado do governo alemão para assuntos do Leste Europeu e da Rússia, Gernot Erler, declarou ao canal de televisão ARD ser favorável a incluir os russos nas negociações sobre a ajuda financeira à Ucrânia, uma vez que Moscou repassara há pouco tempo 2 bilhões de dólares ao antigo governo Viktor Yanukovytch.

"Eu proponho agora que se tente buscar diálogo com os russos, pois eles também têm interesse em que a situação na Ucrânia não venha abaixo e que o país possa novamente se estabilizar", afirmou Erler. Ele acredita que para a Rússia é importante ter um vizinho em boas condições e ressaltou que a Ucrânia precisa, o mais rapidamente possível, de um governo com capacidade de ação.

"Até agora, o problema principal é saber com quem negociar as condições – ainda não há um governo de transição com essa capacidade. E ninguém quer dar dinheiro sob tarifa zero", explicou.

O ministro interino de Finanças ucraniano, Yuri Kolobov, sugeriu em Kiev uma conferência internacional de credores. A Ucrânia, segundo ele, precisa de 25 bilhões de euros. Agências de classificação de risco consideram que a Ucrânia está à beira da insolvência.

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Novo presidente interino da Ucrânia, Alexander Turtchinov, ainda monta governo provisórioFoto: Reuters

Com o início das turbulências políticas na Ucrânia, a Rússia acabou suspendendo o pagamento de outras parcelas da ajuda financeira. O presidente russo, Vladimir Putin, chegara a autorizar um pacote de crédito de 18 bilhões de dólares para o governo Yanukovytch – o que motivou a rejeição, por parte do agora presidente destituído, de um acordo de associação com a UE. Além do empréstimo, a Rússia garantiu aos ucranianos um desconto de 30% na compra de gás.

Nesta segunda-feira, porém, o ministro russo de Desenvolvimento Econômico, Alexei Ulyukaev, afirmou que a segunda parcela de 2 bilhões de dólares está "pronta para ser liberada". Moscou estaria aguardando, porém, saber quem será o parceiro de negociação do lado da Ucrânia.

Sanções ainda possíveis

Também continua no ar a ameaça da União Europeia de sanções contra políticos e líderes econômicos que tenham alguma ligação com a excessiva violência durante os protestos na Ucrânia. A Comissão Europeia confirmou em Bruxelas que continuará trabalhando numa lista de pessoas que poderão ter suas contas bancárias na UE bloqueadas e a entrada em qualquer país do bloco proibida.

"Essas sanções poderão ser impostas dependendo de como a situação na Ucrânia se desenvolver", disse Oliver Bailly.

Rebecca Harms ressalta que o estabelecimento de sanções não foi descartado. "De qualquer maneira é preciso esclarecer onde o dinheiro está, se as elites se apoderaram dele graças a Yanukovytch. Se ele pode voltar para o país, então é importante que a União Europeia faça de tudo para isso", afirmou.