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Holandesa é condenada no Catar após denunciar estupro

13 de junho de 2016

Jovem de 22 anos estava presa desde março por informar as autoridades sobre abuso sexual. Tribunal decide deportar vítima, que pagará multa por adultério, considerado um crime grave no país.

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Mulher no Catar
Mulheres são vítimas de cultura opressora no CatarFoto: picture-alliance/Bildagentur-online/AGF

Uma turista holandesa de 22 anos que fez uma denúncia de estupro no Catar foi condenada nesta segunda-feira (13/06) a um ano de prisão, com suspens, por adultério.

Segundo um tribunal de Doha, a jovem identificada como Laura será deportada depois de pagar uma multa de 800 dólares. Ela estava presa desde março, quando informou a polícia sobre o ataque.

O suposto autor do estupro, o sírio Omar Abdullah al-Hasan, foi sentenciado a cem chibatadas por sexo ilícito e mais 40 por consumo de bebida alcoólica. Um exame médico vai determinar se ele tem condições físicas de receber o castigo. Depois da punição, ele poderá ser deportado.

A embaixadora holandesa no Catar, Yvette Burghgraef-van Eechoud, disse que a embaixada vai ajudar a jovem a deixar o país. "Vamos fazer de tudo para tirá-la do país o mais rápido possível para onde ela queira ir", disse.

A embaixadora conversou com Laura, que não participou do julgamento. "Sob as atuais circunstâncias, ela está bem", afirmou. "O mais importante agora é que ela chegue bem em casa", disse a mãe da garota a um canal de televisão holandês.

Estupro e adultério

Laura foi presa no dia 14 de março. Segundo o advogado Brian Lokollo, a jovem estava no Catar de férias com uma amiga e foi a uma festa num hotel da capital Doha. "Ela foi dançar, mas quando retornou à mesa depois do primeiro gole da bebida, ela percebeu que tinha sido drogada", afirmou.

Ela não se lembra de nada até a manhã seguinte, quando acordou num apartamento desconhecido e percebeu "horrorizada" que tinha sido vítima de um estupro, segundo Lokollo.

O sírio que a atacou alegou que tiveram sexo consensual e que ela ainda pediu dinheiro. Laura foi presa assim que fez a denúncia por suspeita de adultério (fazer sexo fora do casamento). O "crime" é considerado grave no país conservador, que vai receber a Copa do Mundo de 2022.

O caso gerou uma campanha internacional nas redes sociais com a hashtag #freelaura. No Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders, disse que ficou "aliviado" com o veredicto.

Em 2008, uma australiana ficou presa por oito meses depois de denunciar um estupro coletivo num hotel nos Emirados Árabes Unidos. Em 2013, uma norueguesa que alegou ter sido abusada sexualmente foi condenada a 16 meses de prisão por fazer sexo fora do casamento, mas foi perdoada e pôde deixar o país.

KG/afp/ap