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Ex-diretor da CIA: “Trump está certo em criticar Washington"

18 de novembro de 2016

Em entrevista à DW, David Petraeus diz que vitória do republicano sinaliza que a elite política se afastou de todo o resto dos EUA. Ele também comenta polêmicas da época que comandava as tropas americanas no Iraque.

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O ex-diretor da CIA e ex-comandante das tropas americanas no Iraque David Petraeus concordou com críticas feitas pelo presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, a Washington, em entrevista ao programa Conflict Zone, da Deutsche Welle, desta semana. 

"Trump está certo em criticar Washington", afirmou. Para ele, a vitória de Trump sinaliza que "a elite [política] de Nova York e de Los Angeles se perdeu do resto do país, do coração do país”.

Na entrevista concedida ao jornalista Tim Sebastian, Petraeus criticou o "partidarismo” e a "incapacidade de Washington de firmar compromissos”. "Trump é um grande negociador. Vamos ver se consegue fechar bons acordos em Washington”, declarou. O ex-diretor da CIA afirmou que, nos últimos 15 anos, viu os Estados Unidos flutuarem entre ações expansionistas e, ao mesmo tempo, relutantes. "Trump terá de navegar pelo caminho do centro.”

Quando questionado se os mais de 50 milhões de eleitores de Trump foram enganados pela campanha "racista” e "mentirosa” do polêmico magnata, o ex-diretor da CIA respondeu, em tom exaltado: "Você vai ter que perguntar a cada um deles. Eu estou aqui para falar de políticas antigas, não disso [eleição de Trump]."

Durante campanha, Trump declarou que a Otan está obsoleta. Indagado sobre a possibilidade de a organização não sobreviver ao mandato do novo presidente americano, Petraeus afirmou que espera que o governo dê a devida atenção à Aliança Atlântica –  para ele, fundamental para a "política de segurança do mundo ocidental".

Além de comentários sobre Trump, Petraeus comentou ações polêmicas ocorridas enquanto comandava as tropas americanas no Iraque. Ele se negou a responder se a campanha militar dos Estados Unidos no país foi um erro e disse que jamais faria qualquer comentário sobre o tema. 

"Fui o general que mais assinou cartas de condolências a pais e mães de soldados americanos. Jamais comentaria se nós deveríamos ou não ter atuado no Iraque”, disse o ex-comandante. "[No Iraque] eu era um soldado e executava ordens. E, por continuar um soldado, não comentarei nada sobre o tema.”

Mas a pauta sobre o Iraque não acabou aí. Petraeus negou que os soldados americanos tenham sido enviado à guerra com base em justificativas mentirosas. "Não foram mentiras. Foi um problema de inteligência incorreta”, disse Petraeus.  "Nós realmente acreditávamos que havia armas com alto potencial de destruição em massa por lá”, declarou.

Questionado sobre o uso de métodos de torturas no Iraque, enquanto estava à frente da missão americana no país, o ex-comandante disse que, apesar de defender um posicionamento antitortura, aconteceram muitos erros. "Quando eu era comandante, trabalhamos duro para garantir que [as torturas] não acontecessem e tomamos providências quando aconteceram.” 

Petraeus também comentou o polêmico vazamento de informações confidenciais à sua biógrafa – e amante – incluindo assuntos de segurança nacional, o que levou ao seu afastamento da direção-geral da CIA, em 2012. "O que eu fiz foi mostrar dados de algo que nunca havia sido divulgado”, afirmou. "Foi um erro, eu admito, e já paguei minhas dívidas por isso.”

Ao ser indagado se o vazamento de informações sigilosas, por pessoas como Edward Snowden, poderia ser encarado como uma atitude em sintonia com o interesse público, Petraeus criticou o ex-agente da CIA, distanciando sua atitude da dele. "Snowden deliberadamente expôs fontes e métodos e do governo americano”, opinou.

 

NT/ots