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Violência na Síria

10 de junho de 2011

Nos últimos dias, governo sírio posicionou ao menos 15 mil soldados em Jisr al-Shugur, no norte do país. Sete pessoas morreram em protestos. Com o aumento da violência, governo da Turquia retira apoio ao regime Assad.

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Soldados turcos registram refugiados sírios na fronteira
Soldados turcos registram refugiados sírios na fronteiraFoto: AP

Diante de novos protestos de massa convocados pela oposição, o Exército sírio demonstrou força e avançou nesta sexta-feira (10/06) sobre o vilarejo de Jisr al-Shugur, cidade dominada pela violência na fronteira com a Turquia. A televisão estatal síria noticiou que as tropas teriam atendido "ao chamado da população" para combater "bandos armados".

Ativistas de direitos humanos, por outro lado, disseram tratar-se de mais um golpe dos militares para acabar com os protestos contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, que já provocaram a morte de mais de 1.100 pessoas desde março último, de acordo com informações da ONU.

Temor de retaliações

População abandonou Jisr al-Shugur
População abandonou Jisr al-ShugurFoto: dapd

Segundo testemunhas, dezenas de veículos militares passaram por vilarejos vizinhos e atiraram em manifestantes. Uma pessoa que se colocou no caminho da caravana teria sido morta. Há dias que a população de Jisr al-Shugur teme retaliações do Exército, depois que 120 policiais foram mortos em confrontos com rebeldes.

Moradores da cidade e ativistas de direitos humanos afirmam que a violência que provocou a morte dos policiais foi iniciada após uma rebelião entre as próprias forças de segurança. O governo em Damasco diz que isso foi obra de bandos armados.

Nos últimos dias, o governo sírio posicionou pelo menos 15 mil soldados nos arredores de Jisr al-Shugur. Cerca de 3 mil pessoas fugiram em direção à Turquia. Os refugiados relataram que a cidade de 50 mil habitantes estaria vazia. "As pessoas não vão ficar lá para serem abatidas como ovelhas", disse um refugiado.

Proximidade turca

Devido à escalada de violência na Síria, a Turquia criticou, com dureza incomum, a repressão contra os manifestantes. Em entrevista na televisão, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou as autoridades sírias de "atrocidades" contra a população civil.

Nesta sexta-feira, a mídia turca anunciou que Erdogan teria retirado seu apoio ao regime sírio, após ter apelado repetidamente em vão por reformas profundas e uma solução pacífica junto ao presidente Bashar al-Assad.

Erdogan afirmou ter conversado com o presidente Assad "há quatro, cinco dias sobre a situação" e lhe ter dito que "agia de forma desumana". "Agora o Conselho de Segurança da ONU discute a situação na Síria. Devido à violência, não podemos continuar apoiando a Síria", disse Erdogan.

Para a Turquia, que tem quase 900 quilômetros de fronteira comum com a Síria, o conflito no país vizinho seria quase como um problema interno, disse Erdogan, e que por isso seu país não poderia fechar as portas aos refugiados que fogem da violência.

Zona tampão

Turquia se prepara para leva de refugiados
Turquia se prepara para leva de refugiadosFoto: picture-alliance/dpa

A agência de notícias turca Anadolu informou nesta sexta-feira que o número de refugiados sírios na Turquia já chega a 2.800. Desses, cem pessoas estão sendo tratadas em hospitais das províncias fronteiriças turcas. A organização humanitária Crescente Vermelho da Turquia ergueu na província de Hatay um acampamento com capacidade para 5 mil pessoas. Caso a onda de refugiados da Síria aumente consideravelmente, a Turquia pretende criar uma zona tampão na fronteira com a Síria, escreveu o jornal turco Hürriyet

Novos protestos

Com vista aos milhares de refugiados da Síria na Turquia, o governo alemão assegurou apoio a Ancara. Sem especificar detalhes, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, prometeu "assistência humanitária" ao governo turco nesta sexta-feira em Berlim.

Westerwelle disse estar "muito preocupado" com os acontecimentos na Síria. Ele também apelou aos demais membros do Conselho de Segurança da ONU para que aprovem uma resolução sobre a Síria. A aprovação esbarra até agora principalmente na resistência da China e da Rússia, países com poder de veto no Conselho de Segurança.

Após a tradicional oração de sexta-feira, milhares de pessoas atenderam aos apelos da oposição e protestaram novamente nas ruas da Síria contra o regime do presidente Assad. Os manifestantes condenaram a violência na região de Jisr al-Shugur. Segundo informações de ativistas de direitos humanos, sete pessoas foram mortas nos protestos nesta sexta-feira.

CA/rtr/afp/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer