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Troca de gerações é ponto crítico para muitas empresas alemãs

Rolf Wenkel (am)6 de agosto de 2002

Todos os anos, cerca de 70 mil empresas alemãs de pequeno e médio porte mudam de proprietário, em conseqüência da chamada troca de gerações.

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Muitos empresários rechaçam o lazer na velhice, com graves conseqüências econômicasFoto: Bilderbox

Quase 910 mil empregos, em toda a Alemanha, dependem do êxito na transição de tais firmas para as mãos dos seus herdeiros. Isto foi o que calculou a Universidade de Colônia, num estudo baseado em estatísticas oficiais e resultados de enquetes entre o empresariado.

O setor científico só começou a analisar os efeitos da mudança de geração no setor econômico a partir de meados da década de 90. Nessa época, a maior parte dos fundadores de empresas do pós-guerra já tinham passado o controle para a primeira geração de sucessores. Às vezes, com bom resultado; outras vezes, a transição terminou numa catástrofe.

Segundo Gunter Kayser, diretor do Instituto de Pesquisa das Empresas Médias de Bonn, a questão da troca de gerações nas firmas do pós-guerra não recebeu a devida atenção logo no início do fenômeno: com isto, foram perdidos inúmeros empregos, além de importantes potenciais econômicos regionais, tecnologia e capital. Só depois que o problema foi reconhecido e analisado, é que se pôde oferecer orientação e apoio aos novos proprietários.

Contudo, o fenômeno não se restringe à famosa geração dos fundadores de empresas na chamada "hora zero" do pós-guerra, afirma Kayser: "Na verdade, é um fenômeno que existe de forma latente no empresariado médio, que ocorre entre os proprietários envelhecidos em 1990, 2000 ou 2002. A questão é relevante para a geração atual, da mesma forma como para as anteriores."

Ego ferido

Muitos empresários evitam o tema. Não permitem que seus herdeiros assumam qualquer tipo de controle dos negócios, consideram-se indispensáveis até atingirem idade avançada. Então, é tarde demais. Pois, segundo ensina a experiência, é necessário um mínimo de três a cinco anos para preparar o herdeiro ou sucessor, a fim de que possa exercer com êxito a sua nova função.

A questão é melindrosa, envolvendo a cabeça e o coração. Pois o chefe é, em geral, apegado à empresa que criou. Ele sente o processo da sucessão como um presságio da própria morte e não como aquilo que realmente deveria ser – uma tarefa administrativa. E mesmo quando o chefe da empresa concorda em passar o seu lugar para um sucessor mais jovem, existem inúmeros problemas jurídicos, financeiros, fiscais e administrativos a serem resolvidos. Isto come tempo e, às vezes, a decisão vem tarde demais.

Muitos fracassos

Todos os anos, cerca de 18 mil empresas alemãs, com um total aproximado de 230 mil empregados, têm de ser transferidas às pressas para as mãos de um novo proprietário por motivo de doença ou morte repentina do velho chefe.

É elevada a taxa de transferências fracassadas. Mais de 5 mil empresas são fechadas a cada ano, geralmente em decorrência da falta de preparo adequado dos herdeiros ou sucessores. Isto significa quase 8% das 70 mil firmas alemãs de porte médio, que são transferidas para novos proprietários por motivo de velhice, doença ou morte do dono.

Gunter Kayser: "Uma média de 35 mil empregados estão ligados a tais empresas. Numa época em que cada emprego é extremamente valioso, não é possível admitir a perda de tantos postos de trabalhos, em conseqüência do fechamento – perfeitamente evitável – de empresas."

Segundo ele, uma empresa é quase como um organismo vivo: nasce, cresce, atinge o seu apogeu. Mas não está necessariamente condenada a morrer junto com o seu fundador. Os herdeiros ou sucessores podem dar um rumo inteiramente diferente aos negócios, buscar novas chances no mercado e dar assim uma nova vida à empresa.