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Tribunal de Berlim condena sírio por agressão antissemita

25 de junho de 2018

Refugiado de 19 anos atacou e ofendeu árabe-israelense e alemão que caminhavam pela capital usando quipás. Episódio provocou indignação no país. Conselho Judaico da Alemanha saúda veredicto.

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Agressão foi registrada e provocou indignação na Alemanha
Agressão foi registrada em vídeo e provocou protestos na AlemanhaFoto: Jüdisches Forum JFDA

Um refugiado sírio de origem palestina de 19 anos foi considerado culpado nesta segunda-feira (25/05) por um tribunal de Berlim por lesão corporal grave e por ofender dois homens que caminhavam pela capital alemã usando quipás – chapéu característico do judaísmo. O ataque, ocorrido em abril, provocou indignação na Alemanha e incendiou o debate sobre a integração de jovens muçulmanos à sociedade alemã.

A pena imposta inclui quatro semanas de detenção em um centro juvenil – o jovem sírio, identificado como Knaan al-S., no entanto, já cumpriu esse período atrás das grades antes do fim do julgamento e acabou deixando o tribunal em liberdade.

Ele, porém, ficará sob supervisão de conselheiros do estado pelo próximo ano e ainda terá que realizar uma visita à Casa da Conferência de Wannsee, o local onde líderes nazistas se reuniram no início de 1942 para planejar a deportação e extermínio dos judeus europeus durante o Holocausto. Hoje o local, que fica no oeste de Berlim, é um museu.

O Conselho Judaico da Alemanha elogiou o veredicto e apontou que o tribunal obviamente "não seguiu as absurdas desculpas e justificativas da defesa".

Felix Klein, comissário do governo para o combate ao antissemitismo da Alemanha, também saudou a decisão. Segundo ele, quem pratica atos antissemitas ou usa expressões antissemitas "está à margem da sociedade e deve arcar com as consequências do Estado de direito".

Ataque

O ataque ocorreu no dia 17 de abril, em plena luz do dia, e explicitou a persistência do antissemitismo na Alemanha, não só entre membros da extrema direita, mas também entre imigrantes muçulmanos.

Na ocasião, um homem árabe-israelense de 21 anos e seu amigo, um alemão de origem marroquina de 24 anos, estavam passeando usando quipás pelas ruas do bairro de Prenzlauer Berg, em Berlim, quando passaram a ser insultados em árabe por três homens. Quando a dupla pediu para que eles parassem, o sírio de 19 anos começou a agredi-los.

A cena foi registrada em vídeo e mostra o sírio atacando os homens com um cinto enquanto gritava "yahudi", a palavra do idioma árabe para judeu.

Posteriormente, o árabe-israelense que foi atacado disse à DW que ele não era judeu, mas que decidiu usar o quipá para testar se era perigoso para um judeu caminhar pelas ruas da capital alemã usando a peça de vestuário religiosa. "Foi um experimento", afirmou, relatando que muitas pessoas pararam ao ver o ataque, mas ninguém ofereceu ajuda.

Durante o julgamento, o jovem sírio disse que "só queria assustar" a vítima. "Sinto muito, foi um erro da minha parte", disse o réu. "Eu não queria bater nele, só queria assustá-lo." Ele também disse ao tribunal que estava sob efeito de drogas durante o ataque e que elas influenciaram seus atos. "Eu estava chapado, minha cabeça estava cansada."

Ele também negou que o ataque teve motivação antissemita e disse que não viu os quipás antes de avançar contra a dupla. Segundo a imprensa alemã, Knaan al-S. chegou ao país em 2015 e entrou com um pedido de refúgio. O tribunal não informou qual é seu atual status legal na Alemanha.

Quipá usado pelo árabe-israelense agredido foi exposto no museu judaico de Berlim
Quipá usado pelo árabe-israelense agredido foi exposto no museu judaico de Berlim Foto: picture-alliance/dpa/S. Schuldt

O ataque foi condenado por líderes religiosos e políticos na Alemanha. O incidente também provocou protestos em Berlim e em várias outras cidades alemãs. Milhares de pessoas saíram às ruas com quipás para protestar contra o antissemitismo no país. O quipá usado pelo árabe-israelense foi posteriormente exposto no Museu Judaico de Berlim como parte de uma campanha contra o antissemitismo.

Após o incidente, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que a luta contra manifestações antissemitas precisa ser vencida. Ela destacou que há antissemitismo tanto entre cidadãos alemães quanto entre pessoas de origem árabe e que é preciso combatê-lo com "toda a severidade e determinação".

JPS/ap/dpa/afp

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