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Tribunal alemão expede mandado de prisão contra militares argentinos

Soraia Vilela15 de janeiro de 2002

Dois ex-comandantes argentinos, acusados de terem sido os responsáveis pelo assassinato da estudante alemã Elisabeth Käsemann durante a ditadura militar, estão sendo oficialmente procurados pela Justiça alemã.

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A Promotoria de Nurembergue expediu nesta terça-feira (15) mandados de prisão contra Juan Bautista Sasiain, 74 anos, ex-comandante militar, e Pedro Alberto Duran Saenz, 65, ex-coordenador do centro de torturas conhecido como El Vesubio. Os dois são acusados de terem ordenado o assassinato da alemã Elisabeth Käsemann a 24 de maio de 1977, que havia sido seqüestrada algumas semanas antes.

"Subversão"

– Segundo a Promotoria de Nurembergue, a então estudante de Sociologia, filha de dois teólogos alemães, foi levada a um quartel de Buenos Aires por policiais militares no dia 8 de março de 1977, sob acusação de "subversiva" e por "diversidade de pensamento" com o governo militar de argentino. No quartel, de acordo com as investigações da Justiça alemã, Käsemann foi torturada e transferida para o centro El Vesubio.

Algumas semanas mais tarde, no dia 24 de maio do mesmo ano, a estudante foi algemada e levada com a cabeça coberta por um capuz para Monte Grande, na província de Buenos Aires, onde foi assassinada junto com outros 15 presos políticos. De acordo com as declarações fornecidas na época pelos militares, Käsemann teria morrido numa troca de tiros com a polícia. Parentes de vítimas alemãs da ditadura argentina contestam essa versão com veemência.

Deportação

– A Promotoria de Nurembergue já havia expedido em julho último um mandado de prisão contra o general Guillermo Suarez Mason, também acusado de responsabilidade pela morte de Käsemann. Autoridades argentinas rejeitaram em novembro último a deportação de Suarez Mason para a Alemanha.

Até hoje, o governo argentino se negou a extraditar cidadãos do país, acusados pela Justiça estrangeira. Em fins de dezembro, no entanto, o então ministro da Justiça, Alberto Zuppi, assegurou que a Argentina iria passar a deportar militares procurados por autoridades estrangeiras sob acusação de crimes contra os direitos humanos durante o período militar. Zuppi não responde mais pela pasta da Justiça e as autoridades responsáveis ainda não fizeram declarações a respeito.

A Promotoria de Nurembergue-Fürth investiga cerca de 70 casos de cidadãos alemães e argentinos descendentes de alemães que foram vítimas da ditadura militar. Trata-se de 18 casos de assassinato e um de seqüestro. O processo envolvendo a morte de Käsemann foi iniciado por seus parentes e apoiado pelo grupo de defesa dos direitos humanos Coligação contra a Impunidade. Durante o governo militar na Argentina, entre 1976 e 1983, 30 mil pessoas foram mortas ou desapareceram misteriosamente.