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Três estados proíbem filas noturnas em mercados na Venezuela

15 de janeiro de 2015

Crise de abastecimento leva a escassez de produtos básicos de consumo. Aglomerações diante de comércio causaram tumultos, protestos e até prisões. Situação abala popularidade do governo, e oposição convoca manifestações.

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Supermarkt in Caracas
Foto: picture alliance/ZUMA Press/Becerra

Governadores de três estados venezuelanos proibiram nesta terça-feira (14/01) a formação de filas durante a madrugada em frente ao comércio, numa época em que o país enfrenta grave crise de abastecimento.

A escassez de produtos básicos de consumo, de leite a papel higiênico, tem se acirrado nos últimos dias, levando muitos consumidores a irem aos mercados antes do amanhecer para esperar as portas serem abertas.

As filas onipresentes e os consequentes tumultos diante do comércio têm provocado constrangimento e irritação nos venezuelanos, causando protestos e até prisões.

"Estamos proibindo filas diante de estabelecimentos comerciais", afirmou a governadora do estado de Falcon, Stella Lugo, nesta semana.

Ela se juntou a outros dois governadores, nos estados de Bolívar e Yaracuy, que anunciaram a mesma medida dias antes. "Filas noturnas são perigosas para as pessoas", disse o governador de Bolívar, Francisco Rangel.

Salman bin Abdul Aziz Al Saud und Nicolas Maduro
Maduro e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Salman Bin Abdulaziz: viagem busca apoio para reverter criseFoto: picture alliance/AP Photo

Em alguns lugares, também está havendo limitação do acesso a lojas em dias específicos, de acordo com o número da carteira de identidade dos venezuelanos.

Popularidade em queda

A escassez de alimentos tem abalado a popularidade do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que atingiu 22% em dezembro, de acordo com o instituto Datanalisis.

Mas Maduro, de 52 anos, culpa a rica elite do país e ativistas da oposição, segundo ele incentivados por Washington e pelos meios de comunicação estrangeiros. O presidente os acusa de visarem um "golpe econômico".

"É uma estratégia para tentar e perturbar o povo e levá-los a extremos, para desestabilizar o país", disse Maduro na rede Telesur, durante uma visita à Argélia.

Maduro se encontra em uma turnê para visitar China, Rússia e outros países, buscando ajuda financeira além de tentar uma ação da Opep para enfrentar a queda dos preços do petróleo, que tem agravado a crise na Venezuela.

Em sua ausência, líderes da oposição têm procurado superar as diferenças internas e forjar uma estratégia unificada contra Maduro. Na quarta-feira, figuras-chave da oposição convocaram mobilizações pacíficas para os próximos dias.

Henrique Capriles Radonski
Líder oposicionista venezuelano Henrique CaprilesFoto: Juan Barreto/AFP/Getty Images

"Fase terminal"

O líder da oposição venezuelana Henrique Capriles disse que o governo do presidente Nicolás Maduro está em "fase terminal", encurralado pela derrocada dos preços do petróleo. Capriles rejeitou o argumento do governo de que uma "guerra econômica" está sendo promovida por setores anti-governamentais, afirmando que, pelo contrário, há uma "economia de guerra".

"O modelo político e econômico deste governo acabou", disse ele em uma entrevista coletiva para comentar a crise de escassez de produtos de consumo. "Na Venezuela, não há uma guerra econômica, na Venezuela há uma economia de guerra, que são duas coisas diferentes. Este país não está em uma fase terminal. O que está em fase terminal é este governo, o projeto, o sonho que vocês tinham. Isto que chamam de revolução acabou", afirmou, se dirigindo aos simpatizantes do governo.

Capriles advertiu sobre as longas filas que consumidores estão fazendo diante de lojas e supermercados desde o início de 2015 para comprar produtos básicos de consumo, que, segundo ele, expõem a escassez e a inflação galopante.

MD/dpa/rtr