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Mediador no Oriente Médio

27 de junho de 2007

Gordon Brown assume como primeiro-ministro do Reino Unido após renúncia oficial de Blair. Forma como ex-chefe de governo britânico foi escolhido para o novo cargo gera críticas na União Européia.

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Blair anunciou que aceita ser enviado especial do Quarteto do Oriente Médio à regiãoFoto: AP

O líder do partido trabalhista britânico, Gordon Brown, assumiu nesta quarta-feira (27/06) o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido em cerimônia oficial conduzida pela rainha Elizabeth 2ª. Pouco antes, o ex-primeiro-ministro Tony Blair havia entregado o seu pedido de renúncia à rainha.

Poucas horas após renunciar ao cargo de primeiro-ministro, Blair anunciou ter aceitado o convite para ser o enviado especial do chamado Quarteto do Oriente Médio para a região. A principal tarefa de Blair será coordenar a reconstrução das instituições governamentais e econômicas palestinas. O quarteto é formado pela União Européia (UE), pelos Estados Unidos, pelas Nações Unidas e pela Rússia.

Na manhã desta quarta-feira, Blair participou de sua última sessão no Parlamento. Ele lamentou as mortes de soldados britânicos no Iraque, mas defendeu sua decisão de enviar tropas ao país do Oriente Médio. Numa referência indireta ao seu novo papel diplomático, Blair disse ainda que uma solução para a região exigirá muito trabalho e passa pela coexistência de dois Estados.

Mal-estar na UE

A nomeação de Blair para o cargo não foi saudada pela União Européia, uma das integrantes do Quarteto do Oriente Médio. Bruxelas manteve silêncio sobre o anúncio. Um diplomata ouvido pela agência de notícias DPA se esquivou de fazer comentários afirmando apenas que "estamos sempre satisfeitos se os outros também estão".

Großbritannien Gordon Brown löst Tony Blair ab
Gordon Brown e sua mulher Sarah se dirigem ao Palácio de BuckinghamFoto: AP

A UE teme que Blair, um aliado de primeira hora do presidente George W. Bush, não seja o homem correto para exercer a função por não ter a confiança do mundo árabe. Para a deputada do Parlamento Europeu Angelika Beer, do Partido Verde alemão, "Blair é parte do problema e não da solução"."Na verdade, ele estava muito interessado nesse trabalho", avalia outro diplomata.

No encontro de cúpula da UE, na última semana, Blair causou má impressão com sua tentativa – bem-sucedida – de impedir que o chefe da diplomacia da UE, Javier Solana, pudesse usar o título de ministro das Relações Exteriores. Para os diplomatas, Blair agiu em causa própria. Além disso, Solana é um nome aceito pelo mundo árabe.

Causou ainda estranhamento aos demais integrantes do quarteto que Blair e Bush tenham tomado a decisão sozinhos. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, se mostrou reticente quanto à nomeação. Para ele, a falta de diálogo entre os membros do grupo e o fato de o nome de Blair ter sido sugerido fora do quarteto "não poderia agradar aos demais integrantes".

Brown: novo governo

Logo após assumir o cargo de primeiro-ministro, Brown fez um rápido discurso prometendo "um novo governo com novas prioridades". Segundo ele, uma mudança política é necessária. "Vamos começar a mudar as coisas." Como primeiro-ministro, ele disse que "ouvirá e aprenderá". O novo gabinete de governo deverá ser anunciado nesta quinta-feira. A expectativa é que vários ministros não permaneçam no cargo, entre eles a ministra das Relações Exteriores, Margaret Beckett.

Großbritannien Tony Blair verläßt Downing Street Familie
Blair e família posam pela última vez diante da residência oficial do primeiro-ministroFoto: AP

Para o politólogo Anthony Giddens, os britânicos estão céticos em relação ao novo chefe de governo. "Para ele, será uma mudança total. Ele não poderá mais se esconder atrás de números, mas estará sempre diante do julgamento da opinião pública e não haverá mais um Tony Blair para colocar a mão sobre a cabeça dele", avaliou.

Na opinião de Giddens, Brown é uma incógnita para os britânicos. "Não sabemos como a relação com os Estados Unidos evoluirá. O que acontecerá com os soldados britânicos no Iraque? Sabemos apenas que Brown esteve com mais freqüência do outro lado do Atlântico do que Blair." (as)