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Demografia

12 de janeiro de 2009

Pesquisa aponta que três quartos dos europeus vivem em países com taxa de natalidade média abaixo de 1,5 filho por mulher. A formação profissional foi apontada como um dos principais fatores da baixa taxa de fecundidade.

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Alemanha apresenta taxa de natalidade menor que 1,5 filho por mulherFoto: AP

Todos os países europeus apresentam taxa de natalidade baixa demais para manter seu atual nível populacional, concluiu um abrangente estudo de análise demográfica do Instituto Max Planck de Rostock, divulgado na mais recente edição da revista alemã Pesquisa Demográfica em Primeira Mão.

Segundo os pesquisadores, nenhum dos Estados europeus atingiu o assim chamado "nível de substituição" da média de 2,1 filhos por mulher, através do qual a geração dos filhos pode substituir a de seus pais. Com vista ao número de nascimentos, a Europa está dividida em dois grupos de países.

Os países com taxas acima de 1,7 filho por mulher, que mais se aproximam da média do nível de substituição, são França, Reino Unido, Irlanda e Escandinávia, com médias entre 1,8 e 2,0. As taxas de fecundidade dos demais países europeus, inclusive os de língua alemã, variam entre 1,3 e 1,5 filho por mulher, afirmou o estudo do Instituto Max Planck.

Fatores de redução da natalidade

Bevölkerungspyramide Deutschlands
Pirâmide demográfica alemã continuará invertidaFoto: picture alliance/dpa

A análise apontou que um dos principais fatores para a redução do nível de nascimentos foi o adiamento da formação familiar devido à formação profissional. Pessoas jovens dedicam mais tempo para seus estudos. Entre 1998 e 2006, a porcentagem média de jovens de 18 anos em formação profissional cresceu de 68% para 77% nos 27 países-membros da União Europeia (EU). No mesmo período de tempo, o número de estudantes do ensino superior subiu de 15 milhões para 19 milhões.

A crescente inserção feminina no mercado de trabalho também foi apontada como fator para o adiamento da constituição familiar, devido à incompatibilidade entre carreira e família. Entre 1997 e 2007, a média de participação feminina no mercado de trabalho dos 27 Estados-membros cresceu de 51% para 58% entre mulheres de 15 a 64 anos.

Média de dois filhos por família

Erschöpfte Frau im Büro
Carreira e família são difíceis de combinarFoto: picture-alliance / Lehtikuva / Hehkuva

Os pesquisadores de Rostock constataram que a mudança demográfica durante a segunda metade do século 20 pode ser evidenciada, por exemplo, pelo tamanho das famílias. Famílias com quatro ou mais filhos tornaram-se exceções, enquanto famílias com dois filhos são agora a norma: 40% a 55% das mulheres nascidas entre 1950 e 1960 têm dois filhos. A diminuição média do tamanho familiar aconteceu numa época em que novas alternativas de controle de nascimento se estabeleceram.

Muitos casais europeus adiaram o nascimento dos filhos para quando estivessem no final dos seus 30 anos ou no começo dos 40. Esse objetivo, no entanto, foi alcançado somente na França, assim como pela maior parte dos casais da Bélgica, da Holanda e dos países nórdicos.

O caso dos países escandinavos

Em média, as famílias são maiores nos países escandinavos, onde a infraestrutura de cuidados infantis é mais bem desenvolvida e onde os homens participam da educação das crianças e dos trabalhos domésticos mais do que em outras partes da Europa.

O estudo mostrou que é interessante observar que foram justamente tais países os primeiros a apresentarem diminuição da taxa de fecundidade abaixo do nível de substituição durante os anos de 1960 e 1970.

A correlação inicial entre cultura e mudança de valores – aceitação de outras parcerias que não sejam o casamento tradicional, de mães solteiras, de separações, do futuro sem crianças – que teria sido, anteriormente, responsável pela diminuição da taxa de natalidade nos países escandinavos é vista agora como fator positivo no aumento da taxa de natalidade de tais países.

Imigração e política familiar

A pesquisa concluiu que a tendência a baixos índices de natalidade deverá continuar, como também as diferenças dentro da Europa. Enquanto países do norte e do oeste europeu continuarão com taxas de natalidade relativamente altas, as baixas médias persistirão em nações da Europa central, do sul e do leste – inclusive nos países de língua alemã. E a população continuará a envelhecer.

A imigração continuará sendo um importante fator para contrabalançar parcialmente o baixo número de nascimentos. A pesquisa também constatou que medidas de política familiar (unidades de cuidado infantil, horários de trabalho flexíveis, equiparação entre os sexos) também podem influenciar positivamente as taxas de fecundidade, já que facilitam a compatibilidade entre família e profissão. (ca)