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Timidez e competência à frente da Cultura

(sv)10 de outubro de 2002

O recém-reeleito governo alemão nomeou uma nova titular para a pasta da Cultura. Christina Weiss, além de defender uma paixão discreta pelo não convencional, pretende levar os Institutos Goethe para seus domínios.

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Christina Weiss, nova ministra alemã da CulturaFoto: AP

O novo-velho governo alemão anunciou que daria curso às negociações de formação do novo gabinete da seguinte forma: primeiro definiria-se as questões de conteúdo, depois daria-se nomes às pastas. Na realidade, acontece o oposto. Passadas as eleições, são poucos os dias em que a imprensa não divulga mais uma mudança imprevista de nomes.

Na última quarta-feira (2), o atual ministro da Cultura, Julian Nida-Rümelin, anunciou que voltaria à Universidade de Göttingen dar suas aulas de Filosofia. O ministério, criado há apenas quatro anos na Alemanha, ficou por menos de uma semana órfão. Na última segunda-feira (7), o chanceler federal Gerhard Schröder nomeou a ex- Secretária de Cultura de Hamburgo, Christina Weiss, para o cargo.

Espaço à arte –

Weiss, 48 anos, sem partido, trabalhou por muitos anos como jornalista na área cultural e dirigiu a Casa da Literatura de Hamburgo, antes de vir a fazer parte, por dez anos, do governo estadual de Hamburgo. Entre outros, Weiss ficou conhecida pela defesa da cidade como pólo cinematográfico e pela atenção especial dada à fotografia.

Além disso, a nova ministra é uma defensora árdua do não- convencional. "Os artistas são os sismógrafos do tempo, que pressentem, na maioria das vezes, os rumos a serem tomados. Por isso, é necessário oferecer-lhes espaço", comentou Weiss em entrevista ao diário Der Tagesspiegel.

Defensora da autonomia –

Reformas estruturais foram empreendidas na política cultural de Hamburgo, sob a coordenação da nova ministra. As mudanças resultaram em maior independência dos museus locais em relação aos cofres públicos. Há dois anos, depois que o governo social-democrata-verde perdeu o poder na cidade, Weiss afastou-se da política, até ser recrutada por Schröder para imprimir seu cunho à cultura em nível nacional.

Entre as verbas e o showbiz –

O ministério da Cultura, em seus quatro anos de existência, já teve duas cabeças: o intelectual Michael Naumann – que deixou o posto para assumir o semanário Die Zeit, e o disciplinado Julian Nida-Rümelin, que abandona o cargo para voltar à sua cátedra universitária. De todas as pastas, a da Cultura é a mais atrelada ao carisma pessoal de seu titular na Alemanha, que entre uma e outra distribuição de verbas, ainda é obrigado a participar do showbiz diário.

Para o diário Süddeutsche Zeitung, Weiss é, no entanto, menos adequada ainda que seus sucessores para esta tarefa. O glamour esperado de quem encabeça o ministério da Cultura não parece ser o forte da especialista em literatura, arte abstrata e teatro experimental. "Christina Weiss é sempre esforçada, justa e honesta, mas talento para a performance social ela não tem", observa o diário alemão.

Insitutos Goethe –

Primeira mulher no cargo, o que conta é se Weiss saberá equilibrar-se entre um orçamento apertado e uma área de ação limitada: o ministério alemão da Cultura não dispõe de autonomia como outras pastas, sendo diretamente subordinado ao gabinete do chefe de governo.

Com o cerceamento de sua área de ação, Weiss parece não estar satisfeita, antes mesmo de assumir o cargo. Em entrevistas, a futura ministra já anunciou que gostaria de colocar a coordenação dos Institutos Goethe sob sua égide, hoje subordinados ao Ministério das Relações Exteriores.