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Temer diz que militares não resolverão crise nos presídios

18 de janeiro de 2017

Presidente afirma que crise penitenciária é "drama infernal" e classifica uso das Forças Armadas em presídios de ousadia, apesar de reconhecer que é "uma ilusão" achar que elas solucionarão o problema.

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Michel Temer
Foto: Reuters/A.Machado

O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (18/01) que a crise penitenciária é um "drama infernal" e classificou de ousadia a decisão de autorizar a atuação das Forças Armadas dentro dos presídios.

Leia mais: Seis medidas para tentar solucionar o caos nos presídios

"Com um drama infernal que ocorre hoje nas penitenciárias do país, nós tivemos um diálogo muito produtivo com o setor de defesa, e as Forças Armadas se dispuseram a fazer as inspeções nos presídios. Porque elas têm uma grande credibilidade, em primeiro lugar, e, em segundo lugar, uma grande autoridade", ressaltou.

Em discurso durante um evento em Brasília, Temer ressaltou que os militares não terão contato direto com os detentos e seu trabalho será restrito à inspeção para procurar drogas, armas e objetos proibidos dentro das penitenciárias. "É uma ousadia, mas é uma ousadia que o Brasil necessita e que dá certo", completou Temer.

Durante uma reunião com governadores do Norte e do Centro-Oeste, também em Brasília, Temer defendeu a atuação das Forças Armadas nos presídios, mas disse que, se não houver uma conjugação de esforços, não é possível "ter a ilusão" de que elas solucionarão os problemas. "[As Forças Armadas] não vão cuidar dos presos, evidentemente, mas serão, pela operacional capacidade e credibilidade, fatores de atemorização dos que estão nos presídios", disse, admitindo que "apenas a inspeção periódica dos presídios" não irá solucionar os problemas.

Segundo o presidente, não caberá aos militares exercer atividades de segurança pública, mas "manter a lei e a ordem nos termos constitucionais". "Sabemos que há um problema relativamente à fiscalização dos presídios pelos agentes penitenciários que têm limitações que outras forças podem não tê-las. Há uma desordem que se verifica de maneira completa e integral em alguns presídios do país, é preciso uma interferência determinando que as Forças Armadas façam inspeção nos presídios pelo menos a cada certo período, quem sabe mês a mês", afirmou.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou nesta quarta-feira que disponibilizará mil militares aos governadores para atuarem em presídios. A decisão sobre as Forças Armadas foi tomada durante uma reunião na terça-feira entre o presidente e autoridades de segurança e do governo, além de militares, que debateram estratégias para solucionar a crise penitenciária.

Jungmann afirmou que uma tragédia humana está ocorrendo nos presídios. O ministro destacou ainda que o apoio das Forças Armadas aos estados não vai impedir novas rebeliões ou mortes em presídios, mas tende a diminuir as ocorrências e a letalidade da ação de presos amotinados.

CN/efe/abr