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Tecnologia simples com cinto de metal protege vidas durante terremotos

Lars Bevanger, Sheffield (js)27 de fevereiro de 2014

Solução barata e de fácil implementação desenvolvida no Reino Unido pode ajudar a salvar vidas durante terremotos. Equipamento protege construções e possibilita volta mais rápida para casa depois do tremor.

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Foto: University of Sheffield

Mais de mil mortes poderiam ser evitadas todos os anos se os edifícios fossem projetados para resistir a terremotos. Por outro lado, até agora, poucos países em desenvolvimento tiveram acesso às tecnologias de construção necessárias, que são caras e complicadas.

Uma equipe da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, aplicou uma nova técnica, com sucesso, para testar a resistência de construções. Cientistas submeteram o concreto de um edifício em tamanho real às mesmas forças vistas no terremoto no Haiti de 2010. E o edifício passou ileso pela prova.

A construção resistiu porque cintos de metal foram fixados nas colunas de concreto do edifício, protegendo o material de rachar e entrar em colapso. "As fitas funcionam como um cinto para levantamento de peso, mantendo tudo fortemente comprimido para reduzir a tensão nas colunas de concreto da estrutura ", diz o professor Kypros Pilakoutas, chefe da equipe de pesquisa em Sheffield.

Os testes, publicados no Journal of Earthquake Engineering, envolveram uma estrutura de concreto colocada em uma mesa simuladora de terremotos, especialmente construída. Quando reforçado com os cintos de metal, o concreto chega a balançar para trás e para frente, mas não entra em colapso.

"Nosso método não apenas torna o prédio estável novamente de forma mais rápida, mas aumenta a capacidade de o edifício se deformar sem ruir, tornando-o mais resistente a qualquer movimento sísmico", diz Pilakoutas.

Fazer com que as construções danificadas em tremor de terra se tornem seguras depois do evento sísmico permitiria que as pessoas voltassem mais rápido para suas casas. Isso diminuiria os riscos das populações deslocadas associados à saúde. Pesquisadores da Sheffield estimam que o custo da tecnologia por casa seja de 250 euros, cerca de 700 reais.

Problema em países mais pobres

Screenshot Erdbeben Prävention
Teste foi feito com estrutura em tamanho realFoto: University of Sheffield

O último grande terremoto atingiu as Filipinas em outubro de 2013. Mais de 200 pessoas morreram e cerca de 900 ficaram feridas."A causa mais comum é simplesmente porque prédios caíram sobre as vítimas", diz Christine Casser, que trabalhou como voluntária de resgate pelo Rotary International do Reino Unido

Ela acredita que a invenção dos pesquisadores de Sheffield ajudaria muito populações mais pobres. "Essa é a única maneira de proteger a vida das pessoas", diz Casser. "Um dos desafios que tivemos foi ajudar as comunidades atingidas, pois todas as pontes foram destruídas com o tremor. Se essas técnicas tivessem sido usadas para reforçar as pontes, significaria que o auxilio poderia ter sido feito de maneira mais rápida", opina. "Estamos falando sobre salvar vidas."

Erdbeben Prävention Christine Casser
Christine Casser: desabamento de prédios é o que mata durante os terremotosFoto: Lars Bevanger

Regiões mais sujeitas a terremotos no mundo, como Tóquio e Califórnia, investem fortemente na proteção de edifícios contra a atividade sísmica. Por outro lado, os países em desenvolvimento muitas vezes não conseguem se prevenir principalmente por duas razões: a falta de dinheiro e a tendência de esquecer cedo os desastres do passado.

"Ainda vemos alguns edifícios danificados na Cidade do México. As pessoas simplesmente esquecem quão frágil são esses edifícios", diz Reyes Garcia , doutorando mexicano que atua ao lado de Pilakoutas na Universidade de Sheffield. A Cidade do México foi atingida por um terremoto de magnitude 8,1 em 1985. Mais dez mil pessoas moreram.

Erdbeben Prävention Kypros Pilakoutas und Reyes Garcia
Professor Kypros Pilakoutas (e) e o estudante ReyesFoto: Lars Bevanger

Estudantes embaixadores

Professor Kypros Pilakoutas estuda agora como implementar a tecnologia do cinto de metal para que ela seja levada aos países em desenvolvimento. Alguns de seus próprios alunos poderiam atuar como "embaixadores".

"Aqui na universidade, somos um grupo de pessoas de todo o mundo. Três ou quatro desses estudantes de doutorado tiveram que voltar para casa durante os estudos porque houve um terremoto em seu paíse de origem", diz Pilakoutas.

Em dois dos casos, as casas desses estudantes foram danificadas. "Por isso, temos certeza que essas pessoas vão voltar e irão treinar os engenheiros e as populações locais com a ajuda do conhecimento das novas tecnologias", revela o líder da pesquisa.