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Tchau, Alemanha!

Tina Gerhäusser / lk2 de janeiro de 2005

Um número crescente de alemães vira as costas para os problemas econômicos do país e busca melhor pagamento e melhores condições de trabalho no exterior. Mas dizer adeus nem sempre é fácil.

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Voar em busca de melhores perspectivasFoto: AP

Em 2003, o governo alemão registrou 127 mil casos de alemães que se mudaram para o exterior. O número deve ser mais alto ainda, pois muitos saem sem informar as autoridades de sua decisão.

"São sempre os mais fortes, os mais dinâmicos e os mais dispostos a arriscar que se vão", resume Klaus Bade, professor no Instituto de Pesquisa de Migração e de Estudos Interculturais (IMIS) de Osnabrück. "E a tendência é crescente."

Por outro lado, todos os anos retornam à Alemanha milhares de pessoas após períodos mais longos no exterior, mas seu número não é suficiente para compensar o de emigrantes. É como se ano por ano desaparecesse uma cidadezinha de 20 mil habitantes.

Entre os chamados migrantes laborais, muitos são acadêmicos altamente qualificados, que saem atraídos por melhores condições de pesquisa – nos Estados Unidos ou Canadá, por exemplo. No além-mar, existe uma verdadeira caça à mão-de-obra qualificada proveniente da Alemanha.

"É um absurdo", diz Bade. "Estamos exportando especialistas para o Ocidente e importando tratoristas e trabalhadores rurais do Leste."

Oportunidades e riscos

Ir para o exterior tem muitas vantagens: um melhor salário, por exemplo. Um professor em Buenos Aires ganha o dobro do que um professor em Berlim. Também existe numa cultura estrangeira com freqüência maior reconhecimento, dependendo do trabalho. E a ascensão profissional pode ser mais fácil. Isso sem falar nos benefícios de se ficar conhecendo uma outra cultura.

"A atração tornou-se definitivamente maior", constata Klaus Bade, acrescentando que os migrantes laborais ficam hoje mais tempo no exterior do que ocorria antigamente.

Mas viver e trabalhar no exterior também tem suas ciladas, tais como as dos mal-entendidos culturais. No Japão, por exemplo, um funcionário que não cochilar durante uma reunião dará a impressão de não estar trabalhando o suficiente. Já a maneira direta de ser dos alemães não é apreciada em toda parte.

Também para a família, a mudança para um país estranho pode trazer problemas: comida e costumes estranhos, novas escolas para as crianças. Quanto mais longe o país, maiores as dificuldades também após o retorno à Alemanha.

Fuga de cérebros

Na Alemanha, o número crescente de emigrantes em busca de melhores condições de trabalho gera consternação e intensos debates. O receio de que a elite volte as costas para o país é expresso na expressão – freqüentemente usada neste contexto – da "fuga dos cérebros". Para o professor Bade, porém, o maior problema é a falta de números exatos, representativos.

As estatísticas sobre os emigrantes não incluem dados sobre a profissão dos que se vão. Portanto, ninguém sabe com certeza de quantos físicos estrangeiros o país precisaria para substituir os que foram para o exterior.

"No que diz respeito à imigração, a Alemanha encontra-se num vôo cego", diz Bade. O professor deposita esperanças no Instituto Federal de Pesquisa Populacional e de Migração, que terá por tarefa, a partir de 2005, elaborar estatísticas consistentes sobre a migração no país motivada por trabalho.