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Taxa fixa para baixar e-books pode salvar indústria editorial

Lars Sobiraj (ca)31 de outubro de 2013

Há 15 anos, eram os MP3s, hoje os e-books podem ser baixados ilegalmente da internet, diante dos olhos dos editores. A indústria fonográfica subestimou o problema. O mesmo acontece agora com o mercado de livros?

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Foto: Lars Sobiraj

Quando o Napster entrou no ar, em 1999, como maior plataforma de troca de arquivos musicais do mundo, não demorou muito para que milhões de aficionados por música o descobrissem. Naqueles bons tempos, mais de 10 milhões chegavam a acessar simultaneamente a plataforma, baixando e partilhando música gratuitamente.

Mais de dez anos se passaram até que o setor econômico revertesse essa tendência, proporcionando alternativas legais. No entanto, de início, o poder de mercado do MP3 não foi percebido pela indústria fonográfica. Empresas que não tinham a ver com o ramo, como a Apple ou a Amazon, foram mais rápidas e dividiram o bolo entre si.

Durante muito tempo, a indústria musical subestimou a internet. Muitos diretores do setor a viam apenas como um playground musical. Os executivos das gravadoras passaram tempo demais se sentindo seguros, ninguém nos setores de chefia acreditava que os MP3s e a internet iriam revolucionar de tal forma a distribuição de música.

Quando o problema foi identificado, já era tarde demais. O medo da expansão galopante da pirataria na internet se espalhou pela indústria, que registrou quedas de faturamento milionárias. Enquanto fora relativamente fácil dar fim ao Napster, há muito se perdeu todo o controle sobre as ofertas na zona cinzenta da internet.

Indústria do livro mais rápida

Enquanto isso, a comercialização de cópias eletrônicas de livros ainda estava engatinhando. o interesse público era pouco, excetuado setor de literatura especializada, onde as publicações digitais eram cada vez mais numerosas. No entanto, as editoras estavam cientes de que teriam que enfrentar o problema mais cedo ou mais tarde. Logo elas compreenderam que teriam de oferecer e-books pela internet, para não perder a conexão com o mercado. E isso, a preços acessíveis e sem grandes obstáculos técnicos.

Deutschland Frankfurt am Main E-Reader
Papel ou pixels? Apesar de crescimento, mercado do livro digital ainda é pequenoFoto: Getty Images

Em meados da década de 2000, fornecedores como a líder de mercado Amazon, mas também outras plataformas especializadas em literatura, tomaram a frente. Hoje, na área de prosa, praticamente não há livro impresso que também não esteja disponível como e-book. Mesmo assim, a parcela de mercado de e-books continua mínima, só passando de 0,8% em 2011 a 2,4% no ano passado.

As razões para a falta de interesse são várias. Muitos ainda preferem segurar um livro de papel nas mãos a olhar para um monitor. Alguns observadores criticam que os preços dos livros eletrônicos ainda seriam altos demais. Além disso, muitas vezes eles são oferecidos com uma proteção contra cópias digitais, o que impede o usuário de lê-los em diferentes dispositivos. E justamente a tentativa da Amazon de dominar o mercado, adotando um formato exclusivo e um dispositivo de leitura próprio, o e-reader Kindle, afastou muitos usuários, em vez de conquistá-los.

Ilegal contra legal: Davi contra Golias?

Não é de espantar que o mercado de e-books – mesmo se desenvolvendo lentamente – atraia outro tipo de concorrente: fornecedores ilegais tentam puxar o tapete das gigantes da internet. Na Alemanha, o portal de download Torboox dispõe atualmente de mais de 42 mil títulos, incluindo todos os best-sellers, e, segundo informações próprias, registra mensalmente mais de 1,2 milhão de downloads.

O que alegra particularmente os usuários é que ali, ao contrário dos fornecedores legais, a proteção digital não é um problema. Assim, os livros podem ser copiados livremente e lidos em todos os e-readers, tablets e computadores comuns.

Em meados deste ano, a Torboox ameaçou se afogar no próprio sucesso. Graças à divulgação na mídia, o número de downloads aumentava sem parar. Servidores mais potentes tiveram de ser instalados, mas aí diminuiu a disposição dos usuários em fazer doações. Para contornar o dilema, o portal passou a adotar uma taxa fixa de 3 euros mensais, do tipo "all you can read".

Amazon corre atrás

E em breve a gigante do setor Amazon poderá seguir o exemplo dos piratas da internet, só que por meios legais. Devido a seu enorme poder de mercado, a empresa tem como influenciar os preços, que ela deverá baixar o máximo possível, em prejuízo das editoras e autores.

Os piratas da TorBoox se veem um pouco como o lendário Robin Hood, que roubava dos ricos para dar para os pobres. Na luta contra os gigantes da internet, eles surpreenderam as editoras com a oferta de fechar o site de downloads. Em contrapartida, a Associação do Comércio Livreiro Alemão cuidaria para impor no país uma taxa fixa para e-books, evitando que Amazon e companhia dividam o mercado entre si.

iPad mit Bücherwand auf dem Bildschirm
Praticamente todos os títulos em prosa também estão disponíveis em forma digitalFoto: picture-alliance/dpa

Educação em vez de criminalização

No entanto, esse acordo não foi realizado, em vez disso, a associação aposta no trabalho de esclarecimento. "Queremos alertar os usuários que tais plataformas se movem num campo ilegal. Ao mesmo tempo, pretendemos chamar a atenção deles para ofertas legais", afirmou a porta-voz Claudia Paul. Como a plataforma Libreka.de, que oferece 270 mil títulos.

"Acreditamos que grande parte dos usuários irá se comportar, então, de forma legal. Não concordamos com sanções nessa área." Por outro lado, é preciso proceder decididamente contra as plataformas ilegais. Para tal, a Associação do Comércio Livreiro Alemão aposta nas autoridades ou em organizações antipirataria.

Mas como o setor explica o avanço galopante da pirataria, embora o mercado de e-books esteja se desenvolvendo rapidamente na Alemanha? Claudia Paul aponta primeiramente os bons negócios para os ilegais. Afinal de contas, eles ganham com a publicidade em seus sites. Além disso, "até agora, o risco de os operadores das plataformas serem identificados não é tão grande".

A indústria editorial ainda resiste à ideia da taxa fixa, embora ela pudesse matar dois coelhos de uma só cajadada: combater com sucesso a pirataria e competir com os gigantes da internet. Autores e editoras teriam que contar com lucros menores, mas a indústria musical e os artistas também não foram prejudicados com a venda legal de MP3s. Após uma queda bilionária na receita, o mercado musical se recuperou. Atualmente, os MP3s respondem por um quinto da receita no setor , com tendência a aumentar.