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Liberdade de imprensaAlemanha

Talibã bloqueia conteúdos da DW e da BBC

28 de março de 2022

Programação da DW retransmitida por parceiros afegãos será banida, e boletins de notícias da BBC em três idiomas serão retirados do ar. Diretor-geral da DW condena restrições à liberdade de imprensa no Afeganistão.

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Foto mostra uma sala com muitas telas de televisão e um homem sentado, observando-as.
Talk show político da DW não poderá mais ser exibido pela emissora ToloNewsFoto: Adrien Vautier/Le Pictorium/MAXPPP/picture alliance

Em meio à repressão cada vez maior às liberdades da população no Afeganistão, o Talibã vem, também, restringindo a atuação da mídia internacional. 

Nesta segunda-feira (28/03), o serviço afegão da Deutsche Welle (DW) informou que parte da programação da emissora não poderá mais ser retransmitida por parceiros no país. 

No domingo, a emissora britânica BBC já havia anunciado que os boletins de notícias nos idiomas pashto, persa e uzbeque seriam retirados do ar.

No caso da DW, a repressão tem como alvo o talk show político Aashti, nos idiomas dari e pashto, retransmitido pelo parceiro local ToloNews. Programas científicos transmitidos pela Ariana TV e pela Shamshad também foram afetados. 

"As crescentes restrições à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão no Afeganistão são muito preocupantes", disse o diretor-geral da DW, Peter Limbourg.

"O fato de que o Talibã está agora criminalizando a distribuição de programas da DW por nossos parceiros de mídia está impedindo desenvolvimentos positivos no Afeganistão. A mídia livre é essencial para isso, e faremos tudo o que pudermos para continuar a fornecer ao povo do Afeganistão informações independentes por meio da internet e das redes sociais", acrescentou. 

"Desde que o Talibã assumiu o poder, o povo do Afeganistão tem esperado em vão que suas condições de vida melhorem, ou pelo menos algum grau de normalidade", disse Limbourg.

Bloqueio a emissora americana 

Tarik Kafala, chefe de idiomas do Serviço Mundial da BBC, disse que mais de 6 milhões de afegãos consumiam o "jornalismo independente e imparcial" da BBC e destacou que é crucial que eles não tenham esse acesso negado.

"Este é um desenvolvimento preocupante em um momento de incerteza e turbulência para o povo do Afeganistão", comunicou a BBC. 

"Pedimos ao Talibã que reverta sua decisão e permita que nossos parceiros de TV retornem os boletins de notícias da BBC imediatamente", disse Kafala em um comunicado publicado no Twitter pela âncora e correspondente da BBC Yalda Hakim.

Além de DW e BBC, o Talibã também está bloqueando as transmissões da emissora internacional americana Voice of America (VOA) no Afeganistão, informou a agência de notícias alemã DPA. A informação foi confirmada pelo porta-voz do Talibã, Abdul Haq Hammad.

Muitos  jornalistas fugiram do Afeganistão quando o Talibã voltou a assumir o controle do país, em agosto de 2021. A decisão do Talibã de impedir a operação de emissoras internacionais ocorre dias depois de o grupo extremista revogar a permissão para meninas irem à escola.

Bloqueio à DW também na Rússia e em Belarus

No começo de fevereiro, o governo da Rússia proibiu as operações da DW no país e retirou as credenciais de imprensa dos jornalistas que trabalham para a emissora.

A decisão inclui o fechamento da sucursal de Moscou da DW, o fim de todas as transmissões, seja por satélite ou outros meios, e o cancelamento das licenças de transmissão dos canais de TV da DW na Rússia. A decisão foi anunciada pelo Ministério russo do Exterior, em retaliação ao bloqueio, pela Alemanha, de um canal no idioma alemão da emissora estatal russa RT, por falta de licença de transmissão.

No início de março, o site da DW foi bloqueado na Rússia, e nesta segunda-feira, a emissora alemã foi incluída pelo governo russo numa lista de "agentes estrangeiros".

No começo de março, o Ministério do Interior de Belarus classificou todo o material da DW como extremista, até mesmo o logotipo da empresa. Desde outubro de 2021 o site da emissora está bloqueado no país. 

le/lf (dpa, ots)