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União Europeia

1 de julho de 2009

Suécia assume das mãos da República Tcheca a presidência do Conselho da UE pelos próximos seis meses. O país, conhecido por suas reservas em relação ao bloco europeu, pretende priorizar política ambiental.

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Estocolmo: resistência à adoção do euro é menor depois da criseFoto: picture-alliance / dpa

Não surpreende o fato de que o premiê Fredrik Reinfeldt, ao assumir nesta quarta-feira (1°/07) a presidência rotativa do Conselho da UE, queira dar atenção especial à questão ambiental, já que no fim deste ano acontece, na vizinha Dinamarca, a cúpula do clima da ONU.

Os suecos, no entanto, são tradicionalmente conhecidos por um certo ceticismo em relação ao bloco europeu. Nas últimas eleições europeias, apenas 43% da população foi às urnas. O escritório de informações da UE em Estocolmo, no entanto, recebeu, mesmo assim, aproximadamente sete mil consultas no último ano a respeito de questões europeias. A maioria, porém, de ordem estritamente prática.

19.06.2009 DW-TV Journal Interview Reinfeldt
Premiê sueco, Fredrik ReinfeldtFoto: DW-TV

As pessoas, via de regra, querem saber se têm que levar o passaporte quando visitam uma prima na Bélgica, por exemplo. "Ou o que têm que fazer quando importam um carro de outro país da UE. Ontem mesmo tive o caso de um homem que acaba de se mudar da Alemanha para a Suécia. Uma companhia telefônica não queria liberar sua linha fixa, afirmando que ele teria que já estar vivendo há oito meses no país para que isso fosse feito. Ele queria se informar sobre seus direitos", conta Cecilia Möller, do serviço de informações do escritório da UE na capital sueca.

Postura crítica

O interesse dos cidadãos suecos pela UE não está, contudo, diretamente relacionado à iminente presidência do bloco. Um interesse básico sempre houve, o que não significa que a população do país veja a UE com bons olhos. "Não é uma tendência clara, mas já percebo que não há mais tantos telefonemas de pessoas que só querem propagar seu 'não' à UE. Muitos têm uma postura crítica completamente normal, o que acho certo", descreve Möller.

O plebiscito para o ingresso da Suécia no bloco, há 15 anos, resultou numa maioria muito estreita para os que optaram pelo "sim". Em 2003, a votação pela adoção do euro acabou numa recusa da moeda comum, também com uma maioria apertada.

As reservas da população frente ao bloco europeu não podem ser atribuídas, entretanto, apenas à localização geográfica "periférica" do país na Europa. Os maiores temores são os de que o país, não populoso, acabe perdendo voz dentro da comunidade que se expande cada vez mais.

Efeitos da crise

A crise financeira mudou um pouco esse clima. Até os verdes suecos pararam de defender a saída do país do bloco, diz Per Gahrton, que durante dez anos pertenceu à bancada de seu partido no Parlamento Europeu.

EU Präsidentschaft Schweden Logo
Logotipo da presidência sueca da UE em 2009

Um ponto de vista crítico, todavia, os verdes continuam mantendo: "Há tanta coisa na UE que deveria ser eliminada: a coordenação comum insana dos poderes institucionais, o delírio pelo poder, a loucura pelo crescimento e muitas outras coisas. Sem isso, a UE seria muito boa. Hoje está se construindo um Estado, uma federação, e isso não dá certo. Não se pode fazer isso na Europa, a Europa não pode ser como os Estados Unidos da América, mas sim uma confederação, uma cooperação entre os Estados, com algumas competências superestatais", opina Gahrton.

Adoção polêmica do euro

Na Suécia, preocupações a respeito da UE não costumam fazer parte do repertório cotidiano. Se para alguns o ingresso do país no bloco aproximou as nações europeias, para outros o desemprego cresceu após a admissão da Suécia na UE. Argumentos em prol da adoção do euro são geralmente usados por aqueles que defendem maiores facilidades nas viagens ao exterior.

Hoje, 43% dos suecos votariam em prol do euro, ou seja, 11% a mais do que há um ano, diz Cecilia Möller. A razão está principalmente na crise financeira. A coroa sueca, moeda oficial do país, sofreu uma desvalorização de mais de 10% em relação ao euro desde o quarto trimestre do ano passado.

Este é um dos assuntos tratados com frequência por aqueles que procuram a UE em Estocolmo, diz Annika Öhlin Hägglund. "Nossa tarefa é informar, embora às vezes tenhamos que ouvir insultos. Na maioria dos casos, as pessoas reclamam que a UE é uma instituição que custa muito aos cofres do país", conclui a funcionária do escritório de informações do bloco na capital sueca.

Autora: Agnes Bührig

Revisão: Simone Lopes