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Supremo do Quênia anula eleição presidencial

1 de setembro de 2017

Justiça aponta irregularidades e invalida reeleição de Uhuru Kenyatta. Novo pleito deve ser realizado em até 60 dias. Opositor Raila Odinga alega que votos eletrônicos foram manipulados.

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Apoiador do opositor Raila Odinga protesta diante do Supremo Tribunal em Nairóbi, o Quênia
Apoiador do opositor Raila Odinga protesta diante do Supremo Tribunal em NairóbiFoto: Getty Images/AFP/T. Karumba

O Supremo Tribunal do Quênia anulou nesta sexta-feira (1º/09) o resultado da recente eleição presidencial no país, invalidando a  reeleição de Uhuru Kenyatta. A corte alegou irregularidades e ordenou um novo pleito nos próximos 60 dias.

O Supremo Tribunal alegou que a Comissão Eleitoral do país "cometeu irregularidades" durante as eleições que "afetaram a integridade do processo". O pleito, realizado no último dia 8 de agosto, resultou na vitória de Kenyatta com 54,27% dos votos.

Uhuru Kenyatta
Kenyatta havia sido declarado vencedor da eleição presidencial com 54,27% dos votosFoto: Picture-Alliance/dpa/AP/S. A. Azim

De acordo com a agência de notícias AP, o candidato da oposição, Raila Odinga, alegou que os votos eletrônicos foram manipulados a favor do presidente Kenyatta, que foi declarado vencedor em 11 de agosto. Odinga recebeu 44,74% dos votos. Essa foi a quarta vez que o opositor, de 72 anos, se candidatou à presidência, depois de ter sido derrotado em 1997, 2007 e 2013.

O anúncio da vitória de Kenyatta – de 55 anos e filho do primeiro líder do país –desencadeou dois dias de protestos e tumultos, reprimidos pela polícia, em bastiões da oposição em Nairóbi e no oeste do país. Ao menos 21 pessoas, entre as quais um bebê e uma menina de nove anos, morreram entre 11 e 12 de agosto – quase todas pela polícia, segundo um balanço da agência de notícias AFP.

Raila Odinga
Raila Odinga, de 72 anos, candidatou-se pela quarta vez à presidência, depois das derrotas em 1997, 2007 e 2013Foto: Reuters/T. Mukoya

A organização não governamental Human Rights Watch afirmou que o escrutínio foi "marcado por graves violações dos direitos humanos, incluindo assassinatos e espancamentos pela polícia em manifestações e operações de busca em casas no oeste do Quênia".

"Dia histórico"

A Justiça deu a Odinga e sua Super Aliança Nacional, uma coalizão de grupos de oposição, acesso ao servidor eletrônico da Comissão Eleitoral para verificação dos resultados da eleição. Supervisionado por especialistas independentes em tecnologia, Odinga afirmou ter descoberto que os computadores foram manipulados para garantir a vitória de Kenyatta.

"Este é um dia histórico para o povo do Quênia e, por extensão, para as pessoas do continente africano", disse Odinga, após o anúncio do Supremo Tribunal. Esta é a primeira vez em que o resultado de uma eleição presidencial é revogado no Quênia.

Antes de assumir a presidência, em 2013, Kenyatta foi vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças do país. O pai dele, Jomo Kenyatta, foi o primeiro presidente do país, de 1964 a 1978, e desempenhou um importante papel na transição de uma colônia do Império Britânico para uma república independente.

PV/efe/lusa/ap/afp