Cúpula UE-China
27 de novembro de 2007Depois da visita do presidente francês Nicolas Sarkozy, na segunda-feira à China, começa o encontro de cúpula União Européia-China, na quarta-feira (28/11), em Pequim. Na pauta, estão a subvalorização cambial da moeda chinesa, a proteção da propriedade intelectual e a falta de segurança dos produtos chineses.
Principalmente a subvalorização do yuan preocupa os europeus. Nesta terça-feira, encontraram-se o presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, com seu homólogo europeu, Jean-Claude Trichet, juntamente com o chefe dos ministros das Finanças da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker, e o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Joaquin Almunía.
Segundo fontes diplomáticas, este foi o encontro de maior escalão de europeus com representantes de bancos centrais, o que demonstra a urgência da questão. Para a cúpula em Pequim viajam, na quarta-feira, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, e o comissário de Comércio da EU, Peter Mandelson.
Desvalorização artificial
Os europeus acreditam que o yuan está fortemente subvalorizado e reclamam que exportadores chineses teriam vantagens comerciais injustas através desta subvalorização.
Segundo dados do Departamento Europeu de Estatísticas (Eurostat), o comércio dos 27 países da UE com a China cresceu em 150%, desde 2000. O déficit comercial da Europa com o país aumenta em 15 milhões de euros por hora.
A China é o segundo maior parceiro comercial dos europeus depois dos EUA, enquanto a Europa é o maior mercado importador de produtos chineses. No ano passado, enquanto a Europa exportou mercadorias no valor de 64 bilhões de euros para a China, o continente importou bens no montante de 195 bilhões de euros.
Em 2007, o déficit da balança comercial Europa-China poderá subir para 170 bilhões de euros. A exportação de produtos europeus para o país asiático fica cada vez mais difícil, porque a China desvalorizou artificialmente sua moeda em relação ao euro.
Exportações européias ficam mais caras
Principalmente a Alemanha sofre com esta subvalorização, já que 40% das exportações européias para a China são Made in Germany. Apesar de o yuan ter valorizado, neste ano, 5% em relação ao dólar, a moeda chinesa perdeu 7% de seu valor perante o euro.
Como resultado, as exportações européias para a China ficam mais caras. Segundo estimativas européias, a subvalorização da moeda chinesa perfaz de 20% e 25%.
O tema já foi assunto da recente viagem de Nicolas Sarkozy a Pequim. Uma rápida valorização da moeda chinesa, não-conversível livremente, foi descartada pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em seu encontro com o chefe de governo francês, na segunda-feira.
Citando o premiê chinês, o ministro das Relações Exteriores afirmou que a China ampliará somente aos poucos a convertibilidade do yuan. "A China entende a preocupação dos europeus nesta questão e espera que estes, por sua vez, entendam a posição chinesa", afirmou o porta-voz do governo de Pequim.
"Mesmo um por cento não é aceitável"
Além da "moeda administrada", um melhor acesso ao mercado chinês e a proteção da propriedade intelectual são as principais exigências dos europeus.
Segundo o comissário de Comércio, Peter Mandelson, "sete de dez firmas européias na China já foram vítimas de roubo de tecnologia ou de pirataria de produtos. Apesar de os chineses afirmarem a importância da luta contra cópias piratas, nós não vemos resultados concretos", afirma Mandelson.
As penas ao desrespeito à propriedade intelectual ainda são muito baixas na China. No entanto, quando se trata de produtos nacionais, o governo chinês logo encontra formas mais eficientes de punição, como na proteção aos produtos relativos às Olimpíadas de 2008, como mascotes e camisetas, explica Mandelson.
Mandelson adverte ainda que a pirataria e a segurança de produtos andam lado a lado. A China produz, hoje, um terço de todos os artigos de consumo do mundo e, até mesmo, 75% dos brinquedos. Em 2006, produtos chineses foram responsáveis por metade das reclamações de mercadorias na Europa.
O comissário revidou os protestos de Pequim de que 99% de seus produtos seriam seguros. "A Europa importa, diariamente, quase meio bilhão de euros em mercadorias da China – desta forma, mesmo um por cento não é aceitável", declarou Mandelson.(ca)