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Suíços na mira das câmeras

Alessandra Andrade9 de janeiro de 2002

Invasão de privacidade não abala população, que espera por mais vigilância e segurança.

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Radares flagram motorista em alta velocidadeFoto: Bilderbox

Mais curioso do que falar de violência em um dos países mais seguros do mundo, é relatar que seus cidadãos ainda clamam por mais vigilância. Uma pesquisa realizada por um diário de Zurique confirma que cerca de 75% dos suíços gostariam de que fossem reforçadas as medidas de segurança no país. Paranóia ou não, o fato é que 40 mil câmeras de vídeo já estão espalhadas entre os 26 cantões suíços, ou seja, existe um "espião eletrônico" para 175 cidadãos.

Após o susto do "setembro negro", marcado pela ameaça terrorista nos Estados Unidos, o acidente no túnel de Gotthard, o atentado ao parlamento no cantão de Zug e a quebra da megaempresa área Swissair, ficou claro que até países estáveis como a Suíça sofrem lá os seus abalos. Apesar dos temores, os suíços continuam confiantes e se sentem seguros em sua terra natal, mas não negam que um reforço na vigilância das estações de trem, aeroportos e lugares públicos é mais do que bem-vinda.

Trem big brother —

Desde abril de 2001, a companhia ferroviária suíça está testando um método de vigilância por câmeras nos trens que percorrem o trecho Genebra-Lausanne. São 24 aparelhos distribuídos entre os vagões, que são monitorados pelo maquinista, que se necessário pode pedir auxílio para os seguranças da estação mais próxima ou simplesmente parar o trem. Sob os olhos atentos das câmeras, o vandalismo entrou nos trilhos.

Lixo biônico —

A febre da vigilância eletrônica chegou até aos latões de lixo. O engraçadinho que, ao fazer a seleção do lixo, "esquecer" no chão sacolas, pilhas ou outros restos que não podem ser depositados nos tais contêineres, podem pagar uma multa de até 1500 francos (1015 euros). Na região de Winterthur, em Zurique, cada um dos postos de coleta de lixo possuem duas câmeras escondidas. Uma focaliza os contêineres e a outra todo o local, pois é instalada em um carro que fica estacionado nas proximidades. Com a medida, desde julho do ano passado foram registrados 384 casos de irregularidades. Caso "sério", porque com a vigilância descobriu-se que, em média, há um "cascão" em cada 5 habitantes.

Parece discutível a necessidade de toda essa vigilância eletrônica na inofensiva Suíça, mas os próprios cidadãos parecem não encarar toda essa parafernália como uma invasão de privacidade, pelo contrário, eles se sentem bem à vontade frente às câmeras. Pelo menos, é o que indica o resultado do projeto artístico da empresa Cyberhelvetia. Em 30 lugares públicos estão instaladas câmeras digitais, que flagram os passantes. Mais de 200 mil cliques já foram disparados. Os suíços se deixam fotografar e depois podem se ver no site da empresa. Todos, de uma forma ou de outra, parecem não se importar com a presença das câmeras, resta saber até quando eles não se incomodarão com a própria presença frente às câmeras.