1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

SRAG também afeta firmas alemãs na China

(ns)5 de maio de 2003

Empresas alemãs adotam medidas para proteger seus funcionários da pneumonia atípica, que já está freando o crescimento econômico na China. A síndrome pulmonar continua avançado, apesar de quarantenas e proibições.

https://p.dw.com/p/3bNi
Chinês protegido por máscara diante de cartaz de combate à enfermidadeFoto: AP

O fabricante alemão de motores Deutz, com sede em Colônia, foi a primeira firma alemã a chamar seus funcionários de volta para a Alemanha, por causa da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os três alemães trabalhavam em Pequim, o principal foco da enfermidade. Na avaliação da empresa, com as restrições impostas pelas autoridades não é possível um funcionamento normal dos negócios.

O balanço da epidemia

Pelas informações oficiais, no início do mês havia 3800 pessoas contaminadas, 1800 das quais em Pequim. O número de mortos, pelas informações veiculadas nesta segunda-feira (05/05), subiu para 206, a metade dos quais na capital. Taiwan também comunicou mais duas mortes, com o que o número elevou-se ali para dez.

SARS Patient in Peking mit Thumbnail
Paciente de SARS isolado em um dos 24 hospitais da capital chinesa destacados para fazer frente à epidemiaFoto: AP

A situação está longe de estar sob controle. Depois de tratar de ocultar a dimensão da epidemia, as autoridades chinesas reagiram com uma série de medidas para evitar seu alastramento. Algumas são dracônicas e já estão provocando sérias conseqüências econômicas, pois paralisaram muitas atividades.

Quarentena e restrições à liberdade de ir e vir

Somente em Pequim, 7500 pessoas foram colocadas em quarantena até o final de abril. Foram fechados todos os cinemas, ciber cafés, bares de karaokê e demais estabelecimentos de diversões - o que vale também para outras regiões. Os habitantes foram proibidos de fazer passeios aos arredores da cidade nos feriados e os trabalhadores sazonais também não podem deixar Pequim. Não apenas 1,7 milhão de escolares estão sem aula por causa da epidemia: milhares de estudantes de outras regiões estão em seus alojamentos, proibidos de viajarem para casa. As férias da primeira semana de maio foram canceladas. Nessa época, 87 milhões de pessoas costumam viajar pelo país.

Hong Kong Flughafen SARS mit Thumbnail
Passageiros com máscaras em ala praticamente deserta do aeroporto de Hong Kong, em abrilFoto: AP

Entretanto, a China sofre as conseqüências de um cancelamento geral de viagens de todo tipo. Por conta da proibição, as companhias aéreas, hotéis e agências de turismo sofreram uma queda de 80% do faturamento. Alguns restaurantes e hotéis já tiveram que fechar, motoristas de ônibus, tradutores e guias foram dispensados. Turistas estrangeiros que pretendiam viajar para a China escolheram outras destinações.

Empresas alemãs na China

Com o agravamento da crise, as empresas alemãs começaram a adotar medidas para proteger seus funcionários alemães e chineses. A primeira delas foi evitar viagens e mudanças de lugar, segundo uma enquete realizada pela Câmara Teuto-Chinesa de Indústria e Comércio. "Cerca de 70% das firmas restringiram viagens dentro do país, 20% suspenderam ou diminuíram viagens da China para a Alemanha e 48% na direção contrária. Quanto a vôos internacionais, 30% confirmaram que evitam o que podem", afirma Klaus Grimm, o representante da iniciativa privada alemã em Pequim.

SARS in Peking
Máscaras tornaram-se obrigatórias para quem quiser precaver-se contra a pneumonia. Este homem está na Praça da Paz Celestial (Pequim), praticamente vazia em 27 de abrilFoto: AP

Em vôos regionais, existe o risco de entrar-se numa quarentena. Enquanto os chineses podem ser retidos até por duas semanas, no caso de estrangeiros as autoridades costumam aceitar um isolamento particular, em casa. Nos escritórios também se age de forma mais consciente. Mais de 80% das empresas compraram máscaras para seus funcionários. "Limpezas adicionais quase todas fazem, além do esclarecimento dos funcionários e, assim que surgem os primeiros sintomas de resfriado, pede-se que a pessoa fique em casa", relata Grimm.

Prejuízos dependerão da duração da epidemia

As últimas pesquisas entre empresas alemãs na China revelaram que apenas 4% enviariam seus funcionários para a Alemanha. A questão tem um componente psicológico, segundo Grimm, porque a enfermidade ameaça os chineses também e cabe aos chefes alemães dar o exemplo. Não há como calcular eventuais prejuízos das restrições já adotadas. No entanto, mais de 40% das empresas alemãs acreditam que a crise da SRAG acabará prejudicando leve ou fortemente suas atividades no país.

Quanto mais durar o combate à pneumonia atípica, mais será afetada a economia do país - isso parece ser uma das poucas certezas. Ma Jun, do Deutsche Bank - o maior banco alemão - em Pequim prevê que a crise custará ao país entre 0,5% e 2% de sua taxa anual de crescimento, dependendo de quando será debelada, se dentro de três meses ou somente após meio ano. Tal prejuízo poderá ser até maior na avaliação da consultoria Goldman Sachs, se a doença durar muito tempo e a insegurança levar a uma diminuição dos investimentos estrangeiros.

Exportações alemãs e crescimento chinês

Fertigungsstrasse einer Automobilfabrik in Shanghai
Automóvel na linha de montagem da GM em XangaiFoto: AP

No primeiro trimestre deste ano, a China cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2002. Pelas últimas estimativas de economistas chineses, o PIB (Produto Interno Bruto) do país poderá crescer apenas 6% ou 7% em 2003 - por causa da SRAG. Quanto à duração da doença respiratória, Wolfgang Preiser, especialista da Organização Mundial da Saúde, arrisca a seguinte previsão: "Pelas dimensões atuais, deve-se contar, no mínimo, com vários meses. Provavelmente seis meses, se tudo correr bem. Pelo nível da difusão, qualquer período inferior não seria realista."

No final de abril, a Federação Alemã do Comércio Exterior e Atacadista divulgou previsões otimistas para este ano. Ela espera um aumento geral de 4% das exportações alemãs, no que a China tem um papel importante. Ela é, de longe, o país com os incrementos mais significativos no comércio com a Alemanha: 20% no ano passado. A federação, porém, não divulgou expectativas relacionadas especificamente com a China e a epidemia.