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Sobrevivente do Holocausto elogia política para refugiados

27 de janeiro de 2016

No Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, escritora Ruth Klüger relembra sofrimento em três campos de concentração e apoia postura de Merkel na crise migratória. Políticos alertam sobre retorno do racismo.

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Ruth Klüger, de 84 anos, viveu durante meses em AuschwitzFoto: Reuters/F. Bensch

O Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) realizou nesta quarta-feira (27/01) uma cerimônia em memória das vítimas do Holocausto, por ocasião do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto.

A convidada de honra foi a escritora austríaca Ruth Klüger, uma das mais jovens sobreviventes do campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau. Ao discursar, ela falou no "inverno mais frio de sua vida", em 1944 e 1945, quando viveu meses como trabalhadora forçada, até a libertação do campo de concentração pelo Exército Vermelho.

Klüger, de 84 anos, elogiou a postura alemã diante da crise de refugiados. Apesar dos obstáculos e da resistência, a Alemanha assume a sua responsabilidade perante os imigrantes, destacou, dizendo esperar que o país apoie as palavras da chanceler federal alemã, Angela Merkel, que afirma "nós vamos conseguir".

Antes do discurso da escritora, o presidente do Bundestag, Norbert Lammert, lembrou a responsabilidade histórica da Alemanha pelo Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. Devido ao passado, o país se compromente a se manter alerta contra qualquer atitude desumana, e não apenas em relação àqueles nascidos na Alemanha, disse.

Políticos e representantes da sociedade civil aproveitaram a data para alertar sobre o ressurgimento do antissemitismo e do racismo no país. O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, pediu que toda forma de discriminação seja combatida.

Suas palavras foram acompanhadas pelo ministro da Justiça, Heiko Maas. "Qualquer pessoa, independentemente de sua religião, sua origem ou cor da pele tem o mesmo valor e a mesma dignidade. A dignidade humana, como consta na Constituição alemã, precisa ser vivida todos os dias", disse Maas.

"Pior que escravidão"

Klüger diz que mentiu sobre sua idade quando chegou a Auschwitz – ela tinha 12 anos de idade e foi aconselhada por outra prisioneira a dizer que tinha 15. Isso fez com que ela fosse colocada entre os trabalhadores. Outros prisioneiros não tiveram a mesma sorte e foram enviados para câmaras de gás – o que provavelmente teria acontecido com a jovem se ela não tivesse sido encarregada de trabalhar.

"O trabalho forçado é pior do que a escravidão, pois o escravo tem valor para seu proprietário, enquanto o trabalhador forçado não tem valor algum", disse Klüger.

A austríaca lembrou também o trabalho sexual forçado de mulheres que viviam nos campos de concentração. Relações sexuais em série faziam parte do dia a dia das mulheres, que tinham que se prostituir a cada 20 minutos, enquanto, do lado de fora, mais de 20 homens aguardavam numa fila, relatou. Para ela, é questionável se a população alemã nada sabia sobre o que acontecia nos campos de concentração.

O Dia Internacional da Lembrança do Holocausto foi instituído pela ONU em 2005, na data de aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau, o maior campo de concentração nazista, por tropas soviéticas, em 27 de janeiro de 1945. Desde 1966, o Bundestag lembra neste dia o papel da Alemanha no Holocausto, que resultou na morte de 6 milhões de judeus e de membros de várias minorias.

LPF/afp/rtr/dpa/kna