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Snowden acusa agentes alemães de colaboração com espionagem dos EUA

7 de julho de 2013

Em entrevista dada antes de fugir, ex-consultor da CIA acusa serviço secreto alemão de estar "na mesma panela" que agência dos EUA. Órgão de segurança alemão ainda nega indícios de espionagem pela NSA.

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Foto: imago/INSADCO

O denunciante procurado pelos Estados Unidos Edward Snowden acusa o Serviço Federal de Informações da Alemanha (BND) de estar mais envolvido nas atividades de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) do que até o momento se pensava. As declarações foram dadas em entrevista à revista alemã Der Spiegel.

O órgão norte-americano teria, por exemplo, fornecido "ferramentas de análise" para que o BND penetrasse em fluxos de dados que passam pela Alemanha, divulgou o periódico neste domingo (07/07), em seu site na internet. Segundo Snowden, funcionários da NSA "estão na mesma panela que os alemães".

BND: sem indícios de espionagem

Um dos focos do BND é um trecho no Oriente Médio através do qual correm pacotes de dados, por exemplo, de regiões em crise. Ao todo, o serviço alemão extrai suas informações de cinco nós de comunicações digitais. Ainda de acordo com a revista Der Spiegel, o diretor do BND, Gerhard Schindler, haveria confirmado a membros do grêmio de controle parlamentar alemão a cooperação com a agência norte-americana.

O Departamento Federal alemão de Proteção da Constituição (BfV), encarregado do combate à espionagem, vem investigando onde a NSA teria acesso ao tráfego de internet na Alemanha. Contudo, segundo o presidente do órgão, Hans-Georg Maassen, uma primeira análise não trouxe qualquer esclarecimento.

"Até o momento, não temos quaisquer indícios de que nós de tráfego virtual da Alemanha sejam alvo de espionagem pela NSA", afirmou Maassen ao semanário.

Edward Snowden auf der Flucht
Para muitos, Edward Snowden é um herói da democraciaFoto: Reuters

Mãos limpas para políticos

A colaboração com a agência subordinada ao Departamento de Defesa dos EUA era organizada de modo que os órgãos dos outros países pudessem "proteger o pessoal de sua liderança política de uma [eventual] rebordosa", explicou o ex-funcionário da NSA ao Der Spiegel.

"Nós avisamos aos outros quando alguém, que queremos pegar, utiliza um de seus aviões, e aí eles nos entregam a pessoa" – assim o agente, atualmente foragido, descreveu o procedimento usual pelo qual são presos os suspeitos, investigados com as controvertidas técnicas de espionagem.

"As outras agências não nos perguntam de onde temos as indicações, e nós não perguntamos nada a elas." Deste modo, segundo Snowden, os políticos também não arcariam com qualquer responsabilidade, caso viesse à tona "que a privacidade das pessoas era violada de forma tão maciça".

Entrevista antes da fuga

A entrevista com Snowden foi realizada por vias eletrônicas. O especialista norte-americano em codificação digital Jacob Appelbaum e a documentarista Laura Poitras fizeram suas perguntas em e-mails codificados, antes que, no início de junho de 2013, Snowden ficasse conhecido em todo o mundo como um whistle-blower (como são chamados informantes internos que, em geral por idealismo, denunciam atividades escusas de instâncias poderosas, como multinacionais ou governos).

Snowden continua confinado à zona de trânsito de um dos aeroportos de Moscou. Os governos de esquerda da Venezuela, Nicarágua e Bolívia lhe ofereceram asilo político, enquanto outros recusaram seu pedido – ou o ignoraram, como o Brasil. No entanto a dificuldade, no momento, é como o informante de 30 anos poderá chegar a qualquer desses países, já que seu passaporte foi cancelado pelos EUA.

AV/rtr/afp/dpa