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Siderúrgica no Brasil colabora para prejuízo recorde da ThyssenKrupp

11 de dezembro de 2012

Quase 5 bilhões de euros: esse é o tamanho do rombo nas contas da ThyssenKrupp no ano fiscal encerrado em setembro. Investimentos no Brasil e nos Estados Unidos são responsáveis pela maior parte das perdas.

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Foto: picture-alliance/dpa

Depois de uma série de irregularidades que levaram às maiores perdas já registradas pela mais importante siderúrgica alemã, o presidente da ThyssenKrupp, Heinrich Hiesinger, anunciou nesta terça-feira (11/12) em Essen que haverá mudanças no estilo de administração da empresa.

"Eu não vou encobrir nada, pois está claro que muita coisa errada aconteceu", disse Hiesinger durante entrevista à imprensa na sede da siderúrgica.

Após reunião do conselho administrativo, na segunda-feira, a siderúrgica anunciou ter registrado as maiores perdas de sua história no ano fiscal 2011/2012. A empresa, afetada por acusações de corrupção e formação de cartel, pedidos de indenizações e maus negócios no continente americano, afirmou que o prejuízo no ano fiscal que terminou em setembro soma quase 5 bilhões de euros.

Somente as usinas do projeto Steel Americas – no Brasil e nos EUA – provocaram perdas de 3,6 bilhões de euros. Além de medidas bilionárias de economia, Hiesinger anunciou que pretende se livrar das duas usinas no continente americano o mais rápido possível.

Mudanças na diretoria

"O projeto Steel Americas e as várias violações de cumprimento de normas não provocaram somente imensas perdas financeiras", disse o executivo que está à frente da ThyssenKrupp desde o início do ano passado. Segundo Hiesinger, predominou na empresa um estilo de liderança no qual laços internos e lealdade cega foram muitas vezes mais importantes que o sucesso empresarial e que se preferiu encobrir tais distorções a corrigi-las.

Stahlkocher
Empresa enfrenta pior crise desde a fusão da Thyssen com a KruppFoto: dapd

De acordo com o presidente, a ThyssenKrupp perdeu muita credibilidade e confiança entre os clientes. "Temos agora que recuperar ambas", declarou. Já na segunda-feira, o conselho administrativo havia confirmado a saída prematura dos diretores Olaf Berlien, Edwin Eichler e Jürgen Claassen.

Com as mudanças na diretoria, o conselho administrativo pretende enviar um claro sinal de recomeço para a ThyssenKrupp, assinalou Hiesinger. "Nós estamos estabelecendo de forma coerente uma nova cultura de gestão, baseada na honestidade, na transparência e no resultado."

A tradicional empresa, que emprega mundialmente 170 mil funcionários, enfrenta sua pior crise desde a fusão da Thyssen com a Krupp, em 1999. A siderúrgica alemã anunciou que não pagará dividendos aos seus acionistas pelas operações no exercício 2011/2012.

Menos aço, mais diversificação

As siderúrgicas recém-construídas no Brasil (Companhia Siderúrgica do Atlântico – CSA) e nos Estados Unidos continuam a ser um peso para o conglomerado alemão. Em vez dos esperados 3 bilhões de euros, as usinas custaram 12 bilhões de euros à ThyssenKrupp – maus investimentos que colaboraram decisivamente para os prejuízos bilionários agora anunciados.

Para piorar a situação, em novembro a ThyssenKrupp teve de pagar uma multa ambiental de 10,5 milhões de reais por poluir o ar em torno da CSA, na Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro.

Além da usina brasileira, a ThyssenKrupp está tentando vender a unidade recém-construída nos EUA, a ThyssenKrupp Steel USA. Segunda a empresa, o processo de venda das filiais transcorre como planejado, mas a oferta dos interessados parece estar bem abaixo dos 7 bilhões de euros esperados por Hiesinger.

Especulações de que o conselho administrativo da ThyssenKrupp não teria fiscalizado suficientemente tais projetos foram rejeitadas pelo presidente do conselho, Gerhard Cromme, diante dos acionistas. "Hoje sabemos que muitas das respostas da diretoria às perguntas do conselho administrativo foram, analisando retrospectivamente, por demais otimistas, incompletas e em parte também erradas."

Heinrich Hiesinger
Hiesinger assumiu em 2011Foto: picture-alliance/dpa

O ex-presidente da ThyssenKrupp Ekkehard Schulz não assumiu nenhuma responsabilidade pelos erros, mas pediu demissão. Fontes internas avaliam tal atitude como um gesto nobre frente ao conselho administrativo. O sucessor Hiesinger estabeleceu então as bases do novo alinhamento da empresa. E essas são: menos aço e mais diversificação.

Autores: Carlos Albuquerque / Klaus Deuse
Revisão: Alexandre Schossler