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Selo para condições justas de trabalho

Kerstin Hilt/rw24 de novembro de 2004

Muitos consumidores não atentam em suas compras somente para a qualidade e o preço dos produtos. Importam, também, o local de fabricação e sob que condições foram produzidos. Meta é criar selo de "qualidade social".

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Metade dos brinquedos da Alemanha é feita na ChinaFoto: AP

O que, no entanto, poucos consumidores sabem, é que também marcas alemãs consagradas, como a Ravensburger ou a fabricante de bonecas Zapf, têm centros de produção em outros países. A metade dos brinquedos vendidos na Alemanha é produzida na China. No ano passado, este país asiático exportou brinquedos no valor de 7,5 bilhões de euros. As condições de trabalho nas fábricas chinesas são consideradas catastróficas sob o ponto de vista alemão.

Na metrópole industrial de Shengzhen, no sul da China, por exemplo, centenas de operárias trabalham na produção de presentes para uma festa que nem conhecem: são brinquedos para o Natal na Alemanha. Numa visita à fábrica, Klaus Piepel, da Misereor − agência de cooperação da Igreja Católica alemã − ficou sabendo dos problemas das trabalhadoras. "Elas se queixam da longa jornada diária de trabalho, principalmente em épocas críticas como nos meses que antecedem o Natal. É uma época em que trabalham sete dias seguidos, até 90 a 100 horas semanais, sem folga", alerta.

Morte por exaustão

Também o baixo salário preocupa o funcionário da Misereor: "O setor da produção de brinquedos é dos mais mal-remunerados. Muitas vezes o pagamento não chega aos 50 euros mensais garantidos por lei como salário mínimo". A maioria das trabalhadoras no enorme pavilhão em Shengzhen dorme no local de trabalho, respirando os gases tóxicos de tintas e colas que contaminam todo o ambiente.

Nestas circunstâncias, não surpreendem os casos de morte por exaustão, denominados guolaosi, em chinês. Tanto mais surpresos ficam os alemães ao saber que existem leis trabalhistas chinesas que estipulam jornadas de trabalho, normas de segurança e salários, só que elas não são cumpridas.

Spielzeug aus China Spielwarenmesse in Peking
Feira de brinquedos em PequimFoto: AP

A grande concorrência na busca por novos investimentos dentro da própria China, e desta em relação a outros países, faz com que "não seja oportuno impor tantas restrições às empresas", diz Piepel. Por isso, a Misereor tenta justamente intervir junto às empresas que fabricam na China. Após vários anos de muita pressão, conta Piepel, a agência conseguiu criar um código de conduta, a ser respeitado de "forma voluntária" pelas empresas na Alemanha.

Visita de controladores independentes

A maioria dos 40 fabricantes alemães de brinquedos pretende adotar este código de conduta. Ele prevê um controle das empresas, para que as fábricas obedeçam a determinadas normas de produção. Elas deverão receber a visita de controladores independentes. Piepel explica que a tarefa destes profissionais é não só controlar horários de trabalho, folhas de pagamento e condições de segurança, mas também conversar com as trabalhadoras sobre seus problemas.

Um problema, no entanto, é de difícil solução, segundo o funcionário da agência católica. Na própria Alemanha, poucos consumidores conhecem o problema. Por isso, a Misereor está se engajando pela criação de um selo de "qualidade social".

Seria um carimbo colocado bem à vista nas embalagens dos fabricantes que respeitam o código de conduta e cujos centros de produção foram aprovados pelos controladores. A meta da Misereor é promover um selo que se torne tão conhecido no país quanto o Blauer Engel (Anjo Azul), referência de qualidade em relação ao meio ambiente.