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Schröder não exclui alemães em tropa de paz no Oriente Médio

(ns)14 de abril de 2002

O chanceler federal alemão voltou a mencionar a eventual participação de soldados alemães em tropa internacional para o Oriente Médio. O presidente israelense criticou a UE por "encorajar terroristas palestinos".

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Acampamento palestino de Jenin, onde teria ocorrido um massacreFoto: AP

O presidente israelense, Mosche Katzav, atacou a União Européia por sua posição no conflito do Oriente Médio. A crítica européia à atuação militar de Israel é o mesmo que encorajar os terroristas palestinos, disse Katzav ao semanário alemão Der Spiegel. Suas declarações fazem parte da edição que chega às bancas na segunda-feira (15). Em várias cidades européias, milhares de pessoas participaram de manifestações de solidariedade com a Palestina no fim de semana. Mais de 30 mil foram às ruas no sábado (13), na Alemanha.

A Europa teria "em mira o alvo errado ", disse Katzav. Em vez de pressionar Israel, os europeus deveriam deixar claro ao líder palestino Yassir Arafat: "se você não parar os atos de terror, não vamos lhe dar mais apoio e você estará sozinho". As operações militares de Israel não se voltaram contra a população civil, ressaltou o presidente. Ele rechaçou o envio de uma tropa internacional para o Oriente Médio, com participação alemã, por achar que ela não poderá deter o terrorismo.

Soldados alemães no Oriente Médio?

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, tornou a aventar a possibilidade da participação de soldados alemães numa tropa internacional para o Oriente Médio, com mandato da ONU. Em princípio ele não exclui tal participação, disse o chefe de governo, na tevê alemã. No entanto, a Alemanha teria que observar a especificidade das relações com Israel, por causa de sua história. Em primeiro plano estaria uma solução política.

Nesse sentido Schröder entende a missão do secretario de Estado norte-americano Colin Powell no Oriente Médio, pois está cada vez mais claro que, sozinhas, as partes em conflito não estão em condições de sair do círculo vicioso da violência. Powell só reuniu-se neste domingo com Arafat, após o líder palestino condenar o último atentado suicida de uma jovem palestina na sexta-feira (12), que fez seis mortos. O político americano considerou "útil e construtiva" a conversa com Arafat, mas não mencionou progressos no sentido de um acordo de cessar-fogo. Ele reúne-se com o premier Ariel Sharon esta noite e torna a encontrar Arafat na segunda-feira (15).

Alemanha não decretou embargo contra Israel

- Segundo o ministro alemão da Defesa, Rudolf Scharping, atualmente não há nenhum plano prevendo a participação das Forças Armadas alemãs em tropas internacionais da ONU para o Oriente Médio. Assim como Schröder, Scharping foi favorável a uma "solução de dois Estados". Israel deveria poder viver em fronteiras que não sejam questionadas pelos demais. Da mesma forma, os palestinos precisariam de um Estado próprio, onde viver em autodeterminação. O ministro desmentiu que a Alemanha tenha decretado um embargo militar contra Israel, dizendo que só está suspenso "por algum tempo" o envio de peças de reposição para tanques e equipamento militar. Com essa decisão, o governo alemão quis dar um sinal a Israel.

Críticas não são "anti-semitismo"

- O presidente do Partido Liberal, de oposição no plano federal, Guido Westerwelle, criticou as considerações de Gerhard Schröder sobre uma virtual participação das Forças Armadas alemãs. Não há dúvida de que Arafat deva fazer mais do que vem fazendo até agora para impedir atentados suicidas. Mas ele protesta contra o fato de se considerar qualquer crítica à política de Israel como "anti-semitismo", o que fez estes dias o embaixador israelense na Alemanha, Shimon Stein, queixando-se da falta de solidariedade para com Israel na Alemanha.

Remédios para padre alemão na igreja sitiada

Ainda enquanto o secretário de Estado norte-americano estava reunido com Arafat, o premier israelense, Ariel Sharon, reiterou que o exército israelense não sairá de Belém, Jenin, Ramallah e Naplusa. Na Igreja da Natividade, em Belém, sobre a qual teria sido construída a gruta na qual Jesus nasceu, continua sitiada por tropas israelenses. No seu interior se encontram, desde o dia 2 de abril, 200 palestinos, alguns armados, e 40 padres franciscanos.

Somente neste domingo as autoridades israelenses permitiram que fossem levados medicamentos ao padre alemão Johannes Simon. Ele é diabético e estava passando mal, ao terminarem seus remédios. No entanto, os franciscanos recusaram-se a receber os alimentos que lhe foram oferecidos pelos israelenses. "Ou mandam comida para todos, ou para ninguém" – responderam os religiosos. A Cruz Vermelha alemã criticou as autoridades israelenses por impedirem as atividades de ajuda humanitária nos territórios palestinos.