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Schröder evitou o pior demitindo ministro

(ef)19 de julho de 2002

A demissão do ministro da Defesa, Rudolf Scharping, acusado de ganhos ilícitos, evitou o pior, mas não deverá render votos para os social-democratas nas eleições parlamentares de setembro.

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Ao lado do novo ministro da Defesa, Peter Struck, Gerhard Schröder se despede de Rudolf ScharpingFoto: AP

A avaliação foi feita por vários institutos de pesquisa sobre intenções de voto, nesta quinta-feira (19), quando tomou posse o novo ministro da Defesa, Peter Struck. A saída escandalosa de Scharping não renderá nenhum ponto para o SPD junto aos eleitores, mas o presidente do partido e chanceler federal, Gerhard Schröder, evitou maiores conseqüências negativas com a sua decisão rápida de livrar-se do ministro, segundo peritos de vários institutos.

O efeito Scharping ainda não aparece nas últimas pesquisas sobre intenções de votos. Mas nas que foram feitas antes da demissão do ministro, a dupla CDU-CSU passou de 40% para 41%, aumentando sua vantagem sobre o SPD, que mantém 35% da preferência dos eleitores. Conforme os resultados divulgados nesta sexta-feira (19), o Partido Liberal, provável parceiro de coalizão da CDU e CSU, continua com 9%. A posição do Partido Verde, governista, também é a mesma, com 6%. O Partido do Socialismo Democrático (PDS), neocomunista, permanece igualmente na mesma, com 5%.

Estorvo em vez de apoio

Os atuais acontecimentos deverão dificultar uma recuperação do partido do chefe de governo na preferência dos eleitores, avalia o diretor do instituto de Pesquisa Dinap, Richard Hilmer. Mas com certeza um processo furtivo do governo também não ajudaria nada. Há muito tempo que o ministro era mais estorvo do que apoio para Schröder e por isso os eleitores consideram a sua demissão uma conseqüência necessária, disse Hilmer.

Para o pesquisador de opinião pública Matthias Jung, o afastamento do ministro não teve influência positiva para os social-democratas. Com sua ação arriscada, o chefe de governo teria apenas limitado os danos do escândalo, que poderiam ser muito maiores se não tivesse reagido. Mas Jung não vê Schröder como autor de uma grande ação, "porque ele teve antes oportunidades boas e suficientes para demitir Scharping". Com isso o pesquisador se referiu aos vários escândalos que o ministro protagonizara nos últimos 12 meses.

Processo judicial

O escândalo atual já teve o seu desfecho político, mas ainda resta ser esclarecido do ponto de vista jurídico. As acusações contra Scharping irão, possivelmente, parar na Justiça, pois ele está ponderando processar a revista Stern. O presidente do Parlamento, Wolfgang Thierse, social-democrata, está examinando se o deputado e seu correligionário Scharping violou as regras de conduta para os deputados.

O próprio Scharping admitiu ter recebido, em 1998, da agência de relações públicas Hunzinger de Frankfurt 80 mil marcos (40.900 euros) a título de honorários por palestras que proferira e 60 mil marcos de adiantamento pelas suas memórias. Ele disse que doara o dinheiro para fins caritativos e políticos. Mas Scharping também tinha obrigação de ter comunicado a renda extra ao presidente do Parlamento.

Além do mais, a revista divulgou uma conta de roupas de luxo no nome do agora ex-ministro que fazia parte de um dossiê da agência de relações públicas que trabalha para indústrias de armas.