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Em Washington

11 de janeiro de 2011

Presidente francês esteve em Washington para encontro com Obama. Um dos tópicos da agenda foi a economia mundial, incluindo o objetivo francês de reduzir a influência do dólar.

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Sarkozy e Obama querem estreitar cooperação no G20Foto: AP

Na condição de anfitrião do próximos encontros do G8 e do G20, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi buscar nos Estados Unidos apoio para sua intenção de reformar o sistema monetário internacional. Ao final do encontro com o presidente Barack Obama, nesta segunda-feira (10/11), Sarkozy disse que as duas nações querem estreitar o trabalho de cooperação dentro do G20.

Em 24 de janeiro, o presidente francês deverá apresentar em detalhes, aos representantes das 20 maiores economias do mundo, seus planos de mudanças. A França defende alterações no atual sistema monetário internacional, que tem o dólar como moeda de referência.

Segundo Sarkozy, o padrão atual é instável e torna parte do mundo dependente da política monetária dos Estados Unidos. O líder francês propõe uma atualização do modelo, que deveria refletir a realidade de um mundo multipolar, fruto da ascensão de países como Índia, Brasil e China, por exemplo.

Mas, na entrevista ao lado de Obama, Sarkozy foi mais reservado e não repetiu seu apelo sobre a necessidade de se resolver a questão da dependência mundial do dólar. Disse apenas que sempre foi um grande amigo dos Estados Unidos e que sabe da importância do dólar como principal moeda do mundo. Já Obama não fez qualquer menção ao assunto.

Segundo um diplomata americano, durante o encontro Sarkozy foi cauteloso ao abordar o assunto. Ele falou com Obama sobre suas propostas de reformar o sistema monetário internacional, mas não pressionou por ações no sentido de diminuir a importância do dólar. Os dois líderes concordaram que o papel mundial do dólar deve ser determinado pelos mercados e investidores internacionais.

Reservas em dólar

Sarkozy não é o único francês a defender uma redução da importância do dólar. O professor de finanças e gestão Philippe Dessertine, da Universidade de Paris X, recentemente descreveu como "muito perigoso" o uso do dólar como única moeda de reserva.

"Os últimos atos do Federal Reserve favorecem os Estados Unidos, mas têm consequências para o resto do mundo. Países emergentes e a Europa realmente querem mudar isso", disse Dissertine.

A comunidade internacional não recebeu bem a mais recente ação promovida pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) para estimular a economia, o chamado quantitative easing, no qual dólares são impressos para comprar títulos do governo americano, elevando a oferta da moeda.

O dólar desvalorizado afeta os países em desenvolvimento, pois acaba valorizando as moedas destes, o que prejudica as exportações e o potencial de geração de empregos.

Dessertine e outros economistas dizem que o dólar continuará a reinar enquanto a economia mundial não entrar em recessão. Mas se a situação se agravar, os Estados Unidos terão que trabalhar com outros países para reduzir a influência do dólar. Uma das opções seria ter uma "cesta de moedas" para ser usada como referência.

A tarefa mais difícil de Sarkozy é convencer os Estados Unidos a desistirem da posição dominante do dólar. Até o momento, o francês conseguiu o apoio da Índia e da China.

Autoras: Eleanor Beardsley (np)
Revisão: Alexandre Schossler