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Sacrificando as férias pela saúde dos pobres

rw29 de agosto de 2003

Médicos para o Terceiro Mundo é uma organização criada por um padre alemão há 20 anos, dedicada à assistência médica aos mais necessitados nas nações pobres.

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Projeto alemão ajuda os favelados em ManilaFoto: Mario Schmidt

Um ano sem férias para descansar não é fato raro para os voluntários da Médicos para o Terceiro Mundo. Muitas vezes, seu ideal é tão forte que inclusive se inscrevem para viajar mais de uma vez a alguma nação carente de assistência médica gratuita.

A organização foi fundada a 29 de agosto de 1983, em Frankfurt, pelo padre jesuíta Bernhard Ehlen. Hoje, são mantidos projetos na Índia, Bangladesh, Venezuela, Quênia e nas Filipinas. No ano passado, foram arrecadados 7,2 milhões de euros, basicamente em doações.

Apenas 6% foram gastos na administração, o resto foi empregado na assistência local, seja em medicamentos, assistência hospitalar, abertura de poços para o abastecimento de água, noções básicas de higiene e até mesmo na alfabetização. Já os médicos da organização não recebem um centavo.

Doentes com o lixo

O período mínimo de engajamento dos profissionais de saúde é de seis semanas, o que não raramente corresponde ao seu período de férias. Rudolf Wollersheim, de 68 anos, que há dois anos fechou seu consultório em Colônia, já participou dos projetos por três vezes. Sua última missão foi nas favelas de Manila, onde se dedicou às populações das favelas nas proximidades das enormes lixeiras da capital filipina. Algumas vezes, chegou a atender mais de 150 pacientes ao dia.

Sua equipe de trabalho tinha ainda uma enfermeira e um intérprete. Os casos mais complicados, como cirurgias, eram encaminhados às clínicas locais, com as despesas bancadas pela Médicos para o Terceiro Mundo. "A gente sempre aprende muito e retorna à Alemanha mais flexível e com uma visão diferente do mundo. Lá, por exemplo, há um médico para 6570 pacientes.

Na Alemanha, esta proporção é de um profissional para 333 habitantes", compara Wollersheim, que acrescenta: "Seria bom que os pacientes daqui tivessem contato com a assistência médica no Terceiro Mundo para verem como são privilegiados." No próximo ano, o médico alemão pretende continuar seu trabalho na africana Nairóbi.

Três mil missões executadas

Nos seus 20 anos de existência, a organização fundada pelo padre jesuíta já atuou em três mil projetos, executados por mais de 1800 médicos. "Tudo começou em Calcutá, com alguns poucos médicos. Eu não aceitava que, como indivíduo, não pudesse fazer alguma coisa contra a miséria e a injustiça social deste mundo", conta Ehlen.

Os projetos temporários em regiões de conflitos foram substituídos com o passar do tempo pelo atendimento permanente com medicina básica nas regiões mais carentes do planeta. Seja em consultórios improvisados ou enfermarias móveis, os médicos para o Terceiro Mundo tornaram-se a única fonte de assistência para milhares de doentes.

"Nossa preocupação em primeira linha é com a qualidade, não com a quantidade. Por isso, estamos com oito projetos nas favelas e regiões mais carentes, com o engajamento de 28 médicos", explica o padre fundador da organização, para quem o objetivo também nos próximos anos continuará sendo a assistência médica qualificada aos mais pobres do mundo.