São Paulo pelas lentes de um brasileiro e uma alemã
Com 72 textos de profissionais das mais diversas áreas e 200 imagens do brasileiro Iatã Cannabrava e da alemã Britta Radike, o livro "Minha SP" mostra a diversidade contraditória e fascinante de São Paulo.
Palpitante e contraditória
Assustadora nas dimensões, São Paulo é um caldeirão de culturas, problemas e personalidades. Pelas lentes do brasileiro Iatã Cannabrava e da alemã Britta Radike, o livro "Minha SP" retrata a vida urbana e a riqueza cultural de uma das mais palpitantes e contraditórias cidades do mundo.
Pequenas histórias, grandes imagens
As fotos tiradas em 2011 inspiraram 72 autores – a maioria alemães e brasileiros – a registrar experiências pessoais, pensamentos, vivências e impressões da cidade. Entre poesias, crônicas e prosas, essas pequenas histórias são um contraponto ou um complemento às imagens de pontos turísticos e pequenos detalhes que formam a maior cidade da América do Sul.
Metrópole internacional
"Minha SP" foi lançado na Alemanha durante a Feira do Livro de Frankfurt, em outubro do ano passado, e agora chega ao Brasil. O livro é o quinto volume da coleção sobre metrópoles internacionais, ao lado de "MY NY" (Nova York), "MOЯMO" (Moscou), "MY ALEPPO" (Aleppo) e "MY TO" (Tóquio).
Entender o caos
Depois de escrever um texto para a versão moscovita do livro, Roland Grätz gostou da ideia e decidiu fazer uma versão do livro sobre São Paulo. "Eu queria entendê-la. Queria saber por que todo mundo reclama do trânsito, da poluição e de todos os outros problemas, mas ao mesmo tempo ama essa cidade e não quer abandoná-la."
Fatos inesperados
No entanto, a versão paulistana tem uma abordagem diferente das outras edições, que são mais focadas na arquitetura dessas cidades. "As fotografias e os textos refletem a visão das pessoas, situações, curiosidades e fatos inesperados. Mas há também edifícios históricos, como o Copan, de Oscar Niemeyer", disse o organizador.
Diferentes experiências
Fotógrafo e agitador cultural, Iatã Cannabrava desenvolve trabalhos documentais com a paisagem urbana das cidades, especificamente das periferias das grandes metrópoles. A fotografa berlinense Britta Radike é correspondente da Forward, ONG que trabalha contra a mutilação genital de mulheres. Já trabalhou na Nova Zelândia, Camboja, Afeganistão, Tailândia, Turquia, Síria, Uganda e Quênia.
Documentar momentos
Para fugir do foco na arte e na arquitetura, Grätz escolheu dois fotógrafos documentais para fazer as 200 imagens que ilustram as páginas de "Minha SP". Para ele, Radike e Cannabrava conseguiram captar "situações e momentos únicos que só acontecem em São Paulo. Os textos foram escritos por profissionais de diversas áreas "que tinham algo a dizer sobre a cidade".
Mosaico entre imagem e texto
Foram disponibilizadas 400 fotos para os autores escolherem as imagens mais inspiradoras e escrever os textos que fazem parte de "Minha SP". Assim foi nascendo o mosaico de textos e imagens que procura transmitir a magnitude contraditória da cidade. Para Grätz, sempre vão faltar histórias sobre São Paulo, já que é uma cidade extremamente complexa e quase sem fim.
Políticos e jogadores de futebol
Grätz entrou em contato inicialmente com 320 autores, mas muitos, apesar de terem gostado do projeto, não puderam participar por falta de tempo. "Eu queria ter incluído jogadores de futebol, inclusive brasileiros que atuam na Alemanha, e políticos, mas eles acabaram não podendo participar", explicou.
Diferentes culturas, diferentes idiomas
O livro que retrata esta cidade múltipla, antagônica e fascinante ganhou, tanto em sua versão brasileira como na alemã, textos em três idiomas: alemão, português e inglês. "O livro reúne 72 autores e percebi que todos tiveram muito prazer em participar, contando suas histórias, experiências ou impressões da cidade."
I <3 SP
Mas para o organizador, o mais importante é ver e sentir a cidade através das fotos e textos. No final das contas, "Minha SP" é uma declaração de amor a São Paulo. As imagens e textos traduzem a paixão pela cidade, amada e odiada com a mesma intensidade por muitos de seus moradores. "São Paulo é muito maior que todas as histórias. Conseguimos apenas mostrar um 'flash' da cidade", afirmou.